Nosso fromage de cada dia
Recentemente encontrei um brasileiro que me contou que o roommate frances dele se ofendeu muito depois que meu conterraneo recusou um pedaço de queijo que lhe havia sido oferecido.
Exageros à parte (porque nos, latinos, adoramos um draminha - ninguém pode negar), convivo com esse comportamento queijolatra todos os dias. Meu namorado, frances, logo, tarado por queijo, precisa comer 876 tipos do laticinio por refeiçao. A geladeira nao tem mais espaço porque estah atrolhada de fromages, mas sempre que vamos no supermercado, ele me convence de trazer mais uns cinco, seis tipos. "Para tu experimentares", ele justifica.
Eis que voltavamos do Carrefour e desde que saimos do supermercado um cheiro terrivel nos perseguia. Como era sabado e todas as maes resolvem passear com suas crias no final de semana, comecei a especular que uma criança havia feito coco nas calças. Alguns metros depois, o cheiro continuava ao nosso redor. "Nao fui eu." "Nem eu." Na parada do tramway, o odor aumentou. Olhamos debaixo dos pés. Nada. Ateh que abrimos a mochila e desvendamos o mistério: um camembert fedorentissimo mimetizava coco de neném. Pior: nos pagamos por ele! Depois de algumas tentativas inuteis de convencer meu namorado jogar o queijo no lixo, o camembert veio, bem feliz, fedendo pra casa conosco. E permanece fedendo ha duas semanas e infectando o apartamento inteiro cada vez que a gente abre a porta da geladeira. Eu jah tentei de tudo, ateh greve sexual, em vao. Florent me ameaça de morte quando ele percebe que a permanencia de seu camembert neste recinto corre perigo. Nao especulem se ele prefere o queijo a mim. Porque ele jah me respondeu.