Ma vie en rose

De frente, de lado, de costas. En France.


sábado, setembro 30, 2006

Escatologias médicas

Tudo bem que ir ao ginecologista já entrou no rol das minhas obrigações adultas há muito tempo. Mas ainda sinto aquele certo desconforto ao ter que me despir, vestir a bata aberta atrás e deitar apoiando as pernas para cima enquanto meu médico me examina e conversa comigo sobre qualquer assunto aleatório e obrigatoriamente não-ginecológico.
Na última sexta-feira, enquanto eu me concentrava em me desconcentrar para despistar a incômoda análise, olhando para o teto branco e falando qualquer besteira sobre cursos de pós-graduação em Comunicação Social na Espanha, ele me diz que adquiriu um novo equipamento de vídeo. E ao olhar para o lado, eu me deparo comigo, ou com uma parte de mim, internamente.

- Mas olha que coisa mais linda, Daniella! - me diz, apontando para o vídeo.
- Ah, é pra ser bonito mesmo?
- Eu acho muito lindo! Para mim, o organismo do ser humano é uma das coisas mais maravilhosas que existem! - declara, empolgadíssimo, me mostrando "o resultado perfeito" de uma cauterização feita há tempos atrás. E insiste: "tu não achas?"
- Acho que ainda continuo preferindo o lado exterior do corpo – e volto a olhar para o teto: bem mais interessante e atraente que o vídeo.

Eu, sinceramente, preferia não ter conhecido visualmente minha vagina. Até agora, mais de um dia após a consulta, a imagem rosácea e viscosa não me sai da cabeça, embora o que realmente me impressionou foi a opinião um tanto escatológica de meu médico sobre "organismos humanos". Entendo, mas não compreendo: blergh! Mas, bueno, cada um com suas preferências...

quinta-feira, setembro 21, 2006

Dúvida

Durante uma entrevista sobre máquinas para corte de grandes árvores, o que se responde para a fonte que pergunta quantas vezes eu presenciei a colheita das sementes de eucalipto?

quarta-feira, setembro 20, 2006

Normal

Mostrei para a minha mãe a foto de um parente que eu não via há muito tempo (e que eu achei no Orkut: confesso). Sem obter nenhuma resposta desta virginiana ferrenha, crítica e sarcástica, me exaltei:
- Tá, não vai falar nada?
- Falar o quê?
- Dizer o que tu achou, ué!
- Eu achei normal
- Como assim, normal? - (indignada)
- Normal, ora. Normal como qualquer pessoa horrível de feia!

Ah, agora sim. Essa é a minha mãe!

domingo, setembro 17, 2006

Sete meses

Todos os dias, antes de dormir, ela fecha os olhos e inicia, mentalmente, uma conversa informal de como foi seu dia, o que tem passado, seus planos, seus desejos, seus medos, suas cabeçadas. Ela ri. Diz que sente saudades. Chora. Pede desculpas pelos erros – está sempre tentando melhorar e dar o seu melhor – e ressalta suas vitórias porque, ao menos por ele, quer ser reconhecida pelos seus méritos. E também porque ela lhe deve explicações e o faz com mais intensidade do que quando estavam sempre juntos. Afinal, naquela época, aos 17, 18 anos, o tempo parecia eterno e as obrigações eram mínimas. E agora tudo está tão diferente, tantas situações se inverteram, tantas mudanças se sucederam, embora ela continue sendo aquela menina perfeccionista cheia de defeitos, tempo-triste, bicho-do-mato, que ainda fecha a porta do quarto para dançar sozinha e, freqüentemente, se esconde quando a campainha toca.
Alguns meses antes de morrer, ele quis saber se ela ainda sentia frio na barriga quando descia uma lomba, porque, antigamente, se divertia ao vê-la se contorcer de riso quando acelerava o carro em declínio: não, ela não mudou nada. Prova disto é que ela continua lhe prometendo realizações, e já tem uma lista imensa delas para cumprir, mas as segue enumerando. Só para lhe confirmar que ela tenta levar a vida a sério e que, de alguma forma, pretende dar continuidade à existência dele por meio da vida dela.
Há exatos sete meses, todos os dias, antes de dormir, ela fecha os olhos e deseja intensamente que, algum dia, de qualquer forma, "de qualquer forma" - repete - eles voltem a se encontrar. E sente tanto a falta dele.

quinta-feira, setembro 14, 2006

Intenção

Estava redigindo uma matéria sobre cirurgia de prolapso vaginal para incontinência urinária quando tive uma vontade enorme de escrever um texto bem legal. Daqueles inteligentes, interessantes e bem-humorados. E o impulso incontrolável de bolar algo novo. Aí abri a página do blogger, cliquei em "criar post" e nada de inteligente, interessante ou bem-humorado me veio. NA-DA. Mas como faltam boas intenções neste mundo (e dizem por aí que isso é o que vale), resolvi criar coragem e só registrar o meu sentimento. C'est tout.

"Está tudo bem acho que sempre foi assim
Nada pra sentir, espero outro dia vir
Eu quero te ligar, eu quero algo pra beber
Algo pra encher, algo que me faça acreditar"
(O rock acabou - Moptop)

sábado, setembro 09, 2006

Sábado, 10 am

Foto: Fabiano Costa
 

Com meu irmão, no MSN:

Dany Franco diz:
te contei que eu fiz outra tatuagem?

Demon diz:
outra? ja tem quantas? 12?

Dany Franco diz:
a mãe disse que eu vou virar uma motoqueira

Demon diz:
soh falta a moto e a jaqueta de couro

Demon diz:
e a bunda tbm... motoqueira geralmente tem bunda Posted by Picasa

quinta-feira, setembro 07, 2006

Não está sendo fácil

Lembram da Kátia, a cantora cega? Em meados dos anos 80, a la John Lennon, ela cantava e tocava violão sentada em um banquinho de madeira no Xou da Xuxa. Eu devia ter uns seis, sete anos, mas nunca deixo de pensar nela. Porque, em semanas terrivelmente enlouquecedoras como esta, eu tenho vontade de sair pelas ruas caminhando com os braços para cima e bradando o famoso hit "Não está sendo fácil/ Não está sendo fácil/ Não está sendo fácil viver assim/ Você está grudado em mim".
Não duvidem. Estou a ponto de.

domingo, setembro 03, 2006

Sobre o final de semana passado

Kmelianos reunidos, felizes e bêbados, as usual.

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sábado, setembro 02, 2006

Sobre esta semana

Minhas sinceras desculpas a todos pela correria, pela evasão e pelas grosserias desta semana. Porque depois de ter uma crise de rinite punk na última segunda-feira, após a chegada da minha mãe a Porto Alegre, eu... me entupi de remédios e desabei todos os dias as 7 da noite, ao chegar em casa. Recebi pautas de mais cinco revistas que devem ser finalizadas até o final da próxima semana. Me enterrei de trabalho. Procurei fontes desesperadamente. Peguei quatro ônibus de terça a sexta e levei uma hora para ir e outra para voltar ao Instituto de Informática para fazer DUAS matérias. Demorei outra uma hora para ir e outra para voltar, de T2, para fazer uma entrevista de quinze minutos no Hospital Mãe de Deus. Implorei para fontes falarem comigo ao telefone. Fiquei extremamente triste com a saída do Térence da minha equipe no trabalho. Desdenhei um elogio de um cara chato que me alugou durante um telefonema. Não lembro nem onde, nem o que almocei. Não me despedi direito do Térence. Diminui os intervalos de almoço o máximo que pude. Não recarreguei meu celular por dois dias (na verdade, nem percebi que ele estava sem carga). Não retornei as ligações da Ângela. Ignorei a Rosana, meu irmão, a Chris, o Térence, o Fernando e a Mary Roxy no MSN. Não abri um link que a Laura me mandou pelo MSN sobre o GIG Rock. Dispensei as fotos que minha madrinha quis me mandar por MSN da minha prima em Washington. Não respondi a um email urgente do Vini. Mal respondi aos scraps do Roberto no Orkut. Desliguei o MSN. Não consegui falar com o Rafa, nem com a Lu Thomé. Dispensei a conversa do Rodrigo e da Ângela no celular. Dormi durante "Clube da Lua" e "La Luna" e tive que ouvir minha mãe reclamando do meu cansaço. Fui estúpida com a Gabriela no trabalho. Não conversei com minhas colegas. Encurtei os diálogos com a chefe. Não li nenhum jornal, livro ou revista. Não assisti a nada na televisão. Não tive disposição nem tempo nem para abrir a caixa do modem que chegou por sedex. Recebi uma ligação do banco dizendo que meu cartão seria cancelado caso eu não comparecesse a minha agência para atualizar meus dados. Tive meu cartão cancelado. Fui a uma pauta, na sexta-feira, as 7 horas da noite, que atrasou e iniciou quase uma hora depois. Comprei um JP Chenet, comi Pizza Hut e chocolate de sobremesa, mas odiei tudo. Dormi sentada durante um DVD do Chaplin e não ouvi minha mãe reclamando da minha indiferença. Acordei num pulo, hoje, as 7 horas da manhã, de calça jeans, blusa de lã e óculos, pensando que o relógio não tinha despertado e tentando lembrar qual entrevista eu tinha hoje, para qual matéria, qual revista e já planejando todo o meu dia, esquecendo que é sábado e não vou precisar trabalhar.
Mas ao menos durante o fim de semana, estou de volta...

"Wanna go for a ride?"