Ma vie en rose

De frente, de lado, de costas. En France.


domingo, agosto 27, 2006

Up all night

Ah, tu me abalas, me atinges, me deixas sem chão, com as mãos suadas, as bochechas vermelhas, a respiração suspensa. E tudo isso só por passares na minha frente ou, por aquele educado "oi, tudo bem?" diário do qual eu tento fugir sempre que tu te aproximas.
E sempre que tu te aproximas estás, a cada dia mais, terrivelmente irresistível. E, enquanto todas as derretidas ficam cochichando baixinho teus encantos, eu olho para cima, para o lado, bocejo, faço que não te vejo e não estou nem aí para ti, mas eu sei que poderia te enxergar até de olhos fechados. Ainda bem que ninguém percebe que, por dentro, minha alma flutua pela sala emanando coraçõezinhos, rodopiando de felicidade só por te ver, embevecida pela tua presença, pelo teu perfume, pela voz rouca e pelo semi-sorriso forçado no cumprimento.
Claro que tu não sabes disto, nem nunca vais saber porque eu jamais vou te falar tudo isto, e nem passa pela tua cabeça que eu tenho um blog no qual eu declaro minha paixão platônica por ti, e onde eu digo que, todos os dias, quando chego em casa, fico fantasiando o dia em que tu vais me olhar e notar minha existência.

"And now I'm alone with you
And I get music running in my head
And I lose the strength to fight
Cause I've been up all night"
(Up all night – Razorlight)

quinta-feira, agosto 24, 2006

Eu sou uma princesa!

OgrO - atualizando direto!! www.goodbadtrip.blogspot.com diz:
Vc é mto bonitinha, sabia???

OgrO - atualizando direto!! www.goodbadtrip.blogspot.com diz:
Nossa, eu amo vc

Dany Franco diz:
Bonitinha, o caralho!

Dany Franco diz:
eu sou uma princesa!

Dany Franco diz:
hahahahahahahaha

OgrO - atualizando direto!! www.goodbadtrip.blogspot.com diz:
hahahahahaha

E que ninguém, neste mundo inteiro, oponha-se ou duvide disto!!!

"E no seu apartamento
Ela se esquecia de tudo
Parecia uma princesa"
(Princesa - Ludov)

terça-feira, agosto 22, 2006

4 graus

O boneco de neve sai de casa as cinco para as oito da manhã com uma segunda pele, uma blusa de algodão, um casaco de lã, um sobretudo alcochoado, meia-calça fio 40, meias ¾ de lã, calça jeans e bota de couro até o joelho. Ah, claro, luvas, cachecol e gorro. Óculos escuros para proteger os olhos do vento frio. Antes de atravessar a rua, o boneco de neve tem que girar o corpo para um lado, depois para o outro - a cabeça imobilizada pela quantidade de lã. Ainda assim, ele continua tão gelado que não sente mais os pés e as mãos. E quando percebe o sangue escorrendo do nariz sua única preocupação é a possibilidade de estar se tornando um ser humano...

segunda-feira, agosto 21, 2006

Domingo à noite

É na ausência que a gente reconhece as pessoas realmente valiosas da nossa vida. Elas chegam de mansinho, sempre trazendo um sorriso de presente, um abraço carinhoso e conversas divertidas. Depois vamos caminhar de braços dados em um domingo à noite, aceitar tomar sorvete no frio, ver um dvd qualquer em preto e branco, ouvir um cd novo, conversar sobre literatura, cinema, música, e quaisquer outras bobagens, e não agüentar mais de tanto sono, mas não conseguir parar de falar, sorrir, observar, admirar, acariciar porque ainda não é, não foi o suficiente. E depois, quando vão embora, deixam aquele vazio imenso, e a certeza de que somos muito melhor depois de conhecê-las.

"Oh, crystal ball, save us all,
tell me life is beautiful
Oh, crystal ball, hear my song
I'm fading out, everything I know is wrong
So put me where I belong"
(Crystal Ball - Keane)

sábado, agosto 19, 2006

Get lost

 
Aí quando a gente acorda de manhã com a cabeça parecendo que vai explodir de tanto latejar, o gosto de cabo de vassoura na boca, parte da maquiagem no travesseiro, incapaz de contabilizar todas as taças de vinho barato, as doses de martini falsificado e as latinhas cervejas (eu nem sabia que bebia cerveja), sem conseguir lembrar boa parte das besteiras que pensei/disse/fiz, depois de tudo isso, ainda consigo concluir que eu não presto, mas se já vim ao mundo com a data de validade vencida, tem gente que consegue me superar e infestar todo o mundo com o cheiro do bolor da sua podridão. E sabe, eu até tenho uma vontade enorme de mandar essas pessoas tomarem no cu, mas acho que meu silêncio diz muito mais que isso. E se tu, especialmente tu, não conseguires interpretá-lo, aqui vai a tradução: some da minha vida, me deixa em paz e esquece para todo o sempre que eu existo. Isso mesmo, get lost, palhaço! Posted by Picasa

quinta-feira, agosto 17, 2006

Obra de arte inconsciente

Na empresa onde trabalho faço cerca de 10 publicações fixas, mais outras tantas extras - isto dá uma média de três matérias por dia. Tudo é muito bem apurado, com entrevistas feitas pessoalmente, escritas linha por linha by myself - sem essa enrolação CTRLV+CRTLC do jornalismo moderno (ou o que dizem ser jornalismo moderno). Contando que eu estou na empresa há quase quatro meses, creio que, bem por cima, eu tenha escrito cerca de 80 textos. Todos eles passam pelo crivo exigentíssimo da minha coordenadora, que geralmente pede que eu mude uma frase, acrescente alguma informação e me questiona alguns detalhes. Mas jamais, nestes contados 88 dias de trabalho, fez qualquer comentário positivo a respeito dos meus escritos.

Hoje pela manhã, a chefe vira e se exalta:
- Daniella, que lindo, que maravilha! Adorei o que tu escreveu!
E eu, assustada com minha inconsciente obra de arte:
- De qual texto exatamente tu estás falando?
- Não é texto nenhum, mas a frase do tópico do MSN.

Ela se referia à meia dúzia de palavras que eu havia digitado, no início da manhã, fruto do mau-humor por não ter dormido com festejos colorados, pelo Internacional vencer a Libertadores, de saco cheio de ouvir os colegas comemorando a terrível e inevitável vitória, e com o objetivo de vetar qualquer possibilidade de conversinhas ou comentários a respeito do jogo: "Primeiro título internacional em 97 anos e ainda comemoram...".

- Posso copiar e colar no tópico do meu MSN também?

Na minha melhor fase Pollyana, tomarei este episódio como um elogio...

terça-feira, agosto 15, 2006

O velho cliente

A mulher chegou na vidraçaria com a placa do túmulo do marido na mão. Sem cerimônias, disse para a atendente que queria uma cola que firmasse bem o material ao azulejo do jazigo. A moça mais se interessou pela foto impressa na placa que pela venda.

- Eu conheço esta pessoa... – disse a vendedora, pensativa.
E se assustou:
- É o seu Vanderlei! Eu não sabia que ele tinha falecido!
- Há seis meses – completou a esposa.

Chorando, a moça se virou para dentro da loja e gritou para os funcionários:
- O seu Vanderlei morreu!!! – se agarrou na viúva e passou a consolá-la como se fossem velhas amigas.

Enquanto isso, outros vendedores, o gerente e até clientes se aglomeraram em torno das duas na tentativa de abraçar a senhora. E todo mundo foi se aproximando, se juntando, até que, de repente, estavam todos em um círculo, abraçados em volta da viúva, chorando a morte do velho cliente.

domingo, agosto 13, 2006

Verídico - parte 2

Tempos modernos:
- Meu irmão vai voltar a fazer exercícios, porque, depois que teve o bebê, engordou muito e ficou fora de forma.

Verídico - parte 1

Ele era ascensorista e subiu na vida: virou assessor de imprensa.

terça-feira, agosto 08, 2006

Tempo de olheiras

 
Foto: Mateus Bruxel

Is it any wonder that I'm tired
Is it any wonder that I feel uptight
Is it any wonder I don't know what's right
Oh, these days
After all the misery you made
Is it any wonder that I feel afraid
Is it any wonder that I feel betrayed

(Is it any wonder - Keane) Posted by Picasa

sexta-feira, agosto 04, 2006

Inimigos (invisíveis)

Para a minha surpresa, descubro que, além dos amigos invisíveis, tenho também inimigos invisíveis. Ontem à noite me irritei tanto com um deles que resolvi terminar uma discussão dando um murro no guarda-roupa, onde o tal estava encostado. E descobri que eu, esta pessoa extremamente pacífica, paz e amor, e cor-de-rosa, também sou capaz de cerrar os punhos e canalizar o ódio para um belo e violento soco. Machuquei a mão.
E eis que, após alguns momentos de reflexão, descubro que meus inimigos invisíveis congregam em suas personalidades características odiáveis de pessoas de carne e osso. Estão todos lá, com seu egoísmo, seu individualismo, suas mentiras, trapaças, o interesse mesquinho e a importância redobrada a seu umbigo, sem falar na constante obsessão pelo dinheiro e coisas materiais.
Não é que nem no meu isolamento (cada vez mais freqüente) e na minha repulsa crescente por pessoas, não consigo tranqüilidade suficiente para sair, conversar e me divertir com meus amigos invisíveis! Só me basta um pouquinho mais de coragem para levar essa minha intolerância ao mundo real...

"O meu ódio é o veneno que eu tomo querendo que outro morra"
(Luxúria)