Ma vie en rose

De frente, de lado, de costas. En France.


terça-feira, janeiro 31, 2006

Sentimentos coletivos

Hoje, ao rever "Os Outros", lembrei de uma situação inusitada sobre quando assisti a esse filme no cinema. A sala estava lotada e o clima de apreensão se estabeleceu desde os primeiros minutos da película. Eu sentia a tensão de todo o público, com exceção do meu amigo e acompanhante Leonardo, que mesmo antes de entrar na sessão, já previa, com seu sotaque manezinho e sua paciência limitada, que o filme era “uma boxta”. Lá pelo meio da trama, quando Grace, a personagem de Nicole Kidman, entra em uma sala onde o piano toca sozinho, as pessoas se comprimiram nas poltronas deixando o clima praticamente saturado pelo nervosimo. Essa é aquela parte típica do filme em que alguma coisa vai ser revelada. Ou seja, era óbvio que alguma coisa assustadora precisava acontecer naquele momento. E, bingo! A porta da sala onde Grace estava se fechou de súbito. Instantaneamente, senti as poltronas vibrarem e, por um instante, me pareceu que elas eram unidas porque se movimentaram de forma sincronizada e simultânea para frente e para trás. Frações de segundos depois, uma risada maquiavélica no meio de todo aquele silêncio parece ter trazido as pessoas de volta à realidade. Ao meu lado, Leo se contorcia de tanto rir do susto conjunto dos espectadores. Mas pior que o sobressalto foi a seqüente sensação de vergonha coletiva. Essa, apesar de não ter tido nenhuma manifestação física, nem o escuro pôde esconder.

sábado, janeiro 28, 2006

Suicide girl

Desesperada com o bombardeio de acontecimentos ruins das últimas semanas, resolvi aceitar a sugestão e ir a uma taróloga. Sempre fui meio cética em relação a essas coisas, mas confesso que minha curiosidade, aliada a recente quantidade de tempo livre, me incitaram a ir na recomendada tiazinha.
Depois de um ritual de captação de energia (!), ela colocou as cartas sobre a mesa e se espantou com o que viu. Em todos os anos que ela disse jogar tarô, confessou que nunca havia visto tantas cartas ruins juntas. Com um ar de espanto, ela me observou por uns segundos e perguntou: “Tu não estás pensando em suicídio, estás?”.
Eu poderia ter ficado quieta e controlado essa mania terrível de fazer piada de tudo, mas os instintos falaram mais alto: “E deveria?”.

Agora estou tomando florais.

terça-feira, janeiro 24, 2006

Fim dos tempos

Ontem ouvi uma versão em português e forró de “Eyes without a face”, do Billy Idol. Vou considerar o fato como uma abertura oficial do meu inferno astral. Só faltam 29 dias para o final deste imprevisível e temível período.

"I'm all out of hope
One more bad dream could bring a fall
When I'm far from home
Don't call me on the phone"
(Eyes without a face - Billy Idol)

Carrie, a estranha

Há tempos não me sentia assim, mas estar em Tubarão sempre traz à tona a sensação de me sentir estranha. As pessoas viram o pescoço e ficam me olhando. Encontrei, inclusive, uma ex-colega de ensino médio que me reconheceu, mas se negou a me cumprimentar. Será que ela ficou com medo? Mas uma saída a um barzinho de Laguna me fez desvendar algumas respostas ao espanto dos meus conterrâneos:
1 – Não sou loira
2 – Não estou bronzeada
3 – Uso mais que 5 centímetros de roupa
4 – Salto alto, nem pensar
5 – Silicone, só no cabelo

Mas o que me faz sentir mais peixe fora d’água é o que as pessoas escutam: é só funk, pagode e muita Ivete Sangalo, a ponto de eu, mesmo inconscientemente, já ter decorado alguns trechos do que eles chamam de música. Meu irmão, que eu acreditava que estava um pouco acima dos parâmetros de qualidade musical por aqui, não conhece Franz Ferdinand, nem nunca ouviu falar.
Claro que isso tem algumas vantagens como, por exemplo, encontrar cds do Blur e do Fat Boy Slim na promoção por R$ 10.

segunda-feira, janeiro 16, 2006

Férias

Ontem à noite, depois de de ler "A Hora da Estrela", de miss Lispector, avaliando essa vidinha sem-graça e nonsense, contabilizei quatro anos sem um dia de férias. Quatro longos anos de estudo, de trabalho, ralação, enriquecendo contas de empresas privadas com meu trabalho escravo e não obtendo o mínimo de reconhecimento por isso, nem financeiro, nem moral.
Cansei de toda a palhaçada. Vou para a praia, tomar banho de mar, sair à noite, dormir durante todo o dia, acordar tarde sem peso na consciência, ler mais livros, ver mais filmes. O blog continua ativo, mas vou dar um tempo para Porto Alegre. É isso ou minha sanidade mental - se é que ainda existe algum resquício dela. Chega de ser Macabéa. Estou de férias.

quinta-feira, janeiro 12, 2006

A propósito

Já adianto que não passarei nesse vestibular. Portanto, já aviso que, no dia 27, quando divulgarem o listão, não responderei a nenhum tipo de pergunta relacionado a este concurso. Porque, além de ser completamente amadora, rasurar minha redação, esquecer os recuos do texto, e fazer 6 pontos em Física e em Matemática, ainda tenho a capacidade de errar gabaritos. Hoje me superei ao marcar dois resultados em um mesma linha. Além de burra, sou míope.
Eu sinceramente pretendia deixar esse concurso em segredo, juro. Mas já primeiro dia de prova eis que encontro a redação de O Sul em peso, além de fabicanos, muitos fabicanos. No próximo ano, minha opção será Química. Em toda a minha vida, não conheci ninguém que faça esse curso, nem que quis, quer ou quererá fazê-lo.

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Saída da prova.
Aliatti: - Descobri que não sei nada de Biologia.
Eu: - E eu descobri que não sei nada de nada.

quarta-feira, janeiro 11, 2006

E hoje...

Meu inferno astral começa oficialmente no dia 23 deste mês. Digo oficialmente porque parte dele foi antecipada para esta semana. Sábado e domingo catastróficos na redação, muitas horas de sono a menos, escores vergonhosos no vestibular, susto com o "colapso" do Mateus, morte de uma amiga querida da família e... hoje.
Amanhã começo tudo do zero, mais uma vez.

"Tudo é uma questão de manter a mente quieta,
a espinha ereta e o coração tranqüilo"
(Walter Franco)

domingo, janeiro 01, 2006

Pieguices de fim/começo de ano

Opa, já estamos em 2006...

Ontem enquanto observava os fogos em Laguna Beach e via uma gama de gente desesperada jogando todo o tipo de porcaria no mar para fazer seus pedidos, tive uma sensação inédita e estranhíssima. Não tenho nada para pedir, não tenho nenhum desejo para 2006, não quero nada, nada, nada. Fiquei lembrando do último Reveillon e das listinhas mentais que tinha feito, todas as minhas necessidades, todo o meu desespero, quanta infelicidade! - tudo resolvido.

Achei que a Karina tivesse lido os meus pensamentos quando, em meio a todo o barulho, a música e os cumprimentos, ela parou do meu lado e me perguntou: "Amiga, lembra quando a gente estava aqui, nesse mesmo lugar e o teu desejo para o ano era ser jornalista e o meu era ser médica?".

Claro, que tenho uma gama de besteirinhas de segundo plano, bobagenzinhas e futilidades. O que seria de uma pisciana sem sonhos, sem ideais, sem um milhão de planos? Mas me refiro à base das coisas, ao convencional, a dinheiro, a amor, à família, à trabalho, à saúde. Pela primeira vez, em quase vinte e seis anos, está tudo em ordem. Por 2005, eu só tenho a agradecer.