Ma vie en rose

De frente, de lado, de costas. En France.


quinta-feira, novembro 30, 2006

Open your eyes

- Eu odeio essa condição, geralmente masculina, "me bate que eu me apaixono". Sim, homens geralmente são assim. Quando percebem que estamos gostando deles, eles simplesmente somem, como se sentimento fosse algo novo, assustador, temeroso, inaceitável. Até hoje não entendi isso, não entendo, e também não quero mais tentar. É como fim de namoro, sabe. Quando a pessoa se dá conta que perdeu, passa a correr atrás da outra desesperadamente para dizer que ela é coisa mais importante da vida, que vai ser impossível viver sozinho, que faz de tudo para voltar, e, depois, quando vê que a situação não se inverte, passa a ameaçar a pessoa: "quando tu pedires para voltar eu que não vou mais aceitar" e, depois, quando vê que a situação não tem volta: "um dia tu vais te arrepender amargamente disso". Quando só resta o desespero, aparecem as ameaças de morte. Mas, claro, a pessoa nunca se mata. Quanto drama inútil. Meses depois tu encontras o potencial suicida com outra, feliz, passeando pela rua, pronto pra viver essa novela sei lá mais quantas vezes. Se é que se permite viver essa novela. Porque antes da novela, tem várias outras novelas inacabadas. Esta do não me diz que tu gosta de mim para eu não deixar de gostar de ti é da classe Vale a Pena Ver de Novo, mas só se encaixa aí pela repetição porque, na verdade, nunca vale a pena. Eu já decorei todos os capítulos, sei direitinho toda a ordem dos acontecimentos e dos diálogos. Mas eis que um dia a mocinha resolve improvisar e... os papéis têm que ser readaptados. Porque o mocinho, aquele que vivia a dispensando recebe, bem por acaso, o troco do que sempre aprontou por aí, bem por acaso também, não propositalmente. Aí ele revê seus conceitos de sentimento, começa a sentir vontade de estar com alguém, percebe que ela realmente vale a pena e que a vida, o mundo, o universo e o cosmos ao lado dela seriam um conto de fadas. Seriam. Porque, quando resolve voltar atrás, ela nem se lembra mais porque um dia gostou tanto dele. Aliás, ela percebe que tudo o que um dia eram virtudes, hoje são motivos de asco. É isso que acontece, é assim que funciona, estou te falando. Eu, um dia, poderia ser uma consultora sentimental. E ia entregar cordas, armas, e facas para as pessoas. Não para matar as outras, claro. Ia dizer: "Pois é, não tem jeito mesmo. Mas ali na Redenção tem uma árvore que é bem do teu tamanho. Então pega essa cordinha aqui, passa ao redor do pescoço e..." Ei, tu estás me entendendo? Aposto que não estás mais nem me ouvindo. Ah, quer mesmo saber? Esquece tudo isso. É tudo papo furado. Pieguice de pisciana, gente bem chata. Odeio piscianos, odeio. Como dizia o Rafabal, é o pior signo. E é mesmo. Tá, agora já pode me beijar.

"I want so much to open your eyes
Because I need you to look into mine"
(Open your eyes - Snow Patrol)

segunda-feira, novembro 27, 2006

Tia Dany

Quando a conversa começa a entrar na competência dos namoros-noivados-casamentos-filhos, sou automaticamente excluída da diversão. Talvez pela aversão que eu tenha a todos os tipos de relacionamentos longos entre casais e pela opinião contra sobre procriação da raça humana, ninguém mais nem se importa com meus sentimentos e minhas idéias sobre isso.
Neste último final de semana, em uma festinha de aniversário de um ano da Isabelle, sobrinha de uma das três minhas melhores amigas de Tubarão, Mi e Manu conversavam sobre o possível futuro noivado da primeira e o casamento da segunda. A dupla acionou o status invisível em mim e, animadas, engataram em um papo em que eu acabei virando menos que uma expectadora: quase uma voyeur. Cansada da condição injustamente imposta, aproveitei os dois segundos de pausa entre uma interlocutora e outra e, putadacara, disparei:
- Ei, eu também vou casar!
De invisível, me transformei em animadora de festa. Mi e Manu soltaram suas gargalhadas enquanto um nariz de palhaça nasceu bem no meio da minha cara.
- No dia em que tu casares, a gente vai ter a certeza absoluta que este mundo não tem mesmo mais jeito.

E eu que já achei que não tivesse mais...

segunda-feira, novembro 20, 2006

Vanilla Sky

Situação constragendora essa de precisar diariamente da minha digital para entrar no prédio da empresa onde eu trabalho. Tudo começou com o meu cadastro. O infra-vermelho simplesmente não lia nenhum dos meus dedos. Faltou tentar os dos pés, mas eu estava de saia e ia ficar meio constragedor eu ficar de pernas para cima mostrando minha cinta-liga super sexy para os guardas da portaria.
Depois de mais de vinte minutos tentando fazer o cadastro, tive minha digital revelada. Mas este foi um momento único na história da humanidade. Porque o aparelhinho se nega a ler as linhas dos meus dedos em qualquer hora do dia ou da noite que eu precise sair/entrar do prédio (e isso acontece na chegada, na saída para o almoço, na volta do almoço e no final do expediente).
Claro que eu já virei piada entre as recepcionistas, os seguranças e os colegas. Me tornei a criatura que não tem digital. "Lá vem a invisível, a inexistente, a indecifrável". E eu, com aquele sorriso amarelo, colocando o dedo no quadradinho vermelho enquanto a maquininha apita: "Piiiiiiiiiiiiiii! Não localizado".
Sempre fui uma deslocada mesmo, então, o rótulo já não faz tanta diferença. E eu já disse, já avisei: eu não existo, não estou aqui, sou mero fruto da imaginação das pessoas.

domingo, novembro 19, 2006

Televisão



Fazia muito tempo que eu não ligava a televisão, por falta de tempo e de vontade mesmo. Será que foi por isso que esse comercial me fez chorar?

quinta-feira, novembro 16, 2006

Rubra

 

Uma das melhores coisas do meu namoro com o Mateus foi ter conhecido a Rosana. Na época, ela era só a ex-namorada dele: hoje ela é uma das minhas melhores amigas, grande companheira de aventuras.
Ela não sabe desta história, mas assim que eu e o Mateus começamos a namorar, eu sabia que ele recém tinha saído de uma história com uma menina da mesma faculdade que eu e que se chamava Rosana. Um dia, na saída da Fabico, alguém chamou por ela e eu também a procurei porque queria saber quem era. Quando eu a vi, a única coisa que consegui pensar foi: "não acredito que o Mateus perdeu essa menina". Por sinal, até hoje ainda não consegui me conformar. Mas isso já passou porque... uma das melhores coisas do meu namoro com o Mateus foi ter conhecido a Rosana...

Feliz aniversário Rubra, Bernardes, Rosanie, Mamíííííífera! Posted by Picasa

sexta-feira, novembro 10, 2006

Assédio

Com uma fonte, no telefone, informando meu e-mail:

- É Daniella, com dois eles, arroba gê, i, o, erre...
- arroba gê?
- Isso mesmo, a letra gê.
- Hum, gê. Gê de... gata?

Haja estômago.

quinta-feira, novembro 02, 2006

Fexao pinto

O Eric é um americano figuríssima que eu e a Rosana conhecemos há um tempo atrás. Ele está há cerca de 3 meses no Brasil e aprende o português – e outras coisas da cultura brasileira, como comer o "disgusting" coração de galinha – na marra. Ontem, falávamos sobre culinária do país das bananas, até que chegamos no feijão com arroz.

- Alá no Mécsico elos comen fexao pinto.

Eu e a Rô nos olhamos. "Será que ele disse isso mesmo que ouvimos?" – nos perguntamos telepaticamente. E, enquanto pensávamos em falar qualquer outra bobagem para espantar uma possível crise de riso, ele continuou:

- Tem o fexao blanco e tem o fexao pinto.

Com o álcool do meu vinho doce já subindo à cabeça, não pude conter meus pensamentos pornográficos e, quando olhei para a Rô, tive a certeza de que ela imaginava o mesmo. Caímos no riso e o menino não entendeu nada.

- Eric, pinto, aqui no Brasil, é o mesmo que "dick" – fiz o grande favor de informá-lo.

Ele fez uma cara de "mas é por isso que vocês estão rindo?". E, sim, era ridículo pensar que estávamos ficando sem ar só pela tradução da palavra. A Rô, que já havia passado do vermelho para o roxo, apontava para mim tentando desviar a atenção. E eu, as usual, engatei em uma crise que eu sabia que ia levar uns bons minutos para ter fim. Enquanto isso, o Eric variava o olhar entre eu e ela. "Ok, guys" – ele dizia. E quanto mais nos esforçávamos em parar, mais ríamos. Já estava ficando constrangedor e chamamos a atenção das pessoas ao nosso redor. Nada disso ajudou a brecar no estado em que eu e a Rô chegamos.

Tudo o que eu conseguia pensar era em um prato enorme de feijão mexicano com milhares de grãozinhos em formato de pênis misturados ao arroz. "Fexao pinto" deve ser mesmo uma iguaria indescritível. De repente, na frente do supermercado, apareceram tias quarentonas, velhinhas corocas e menininhas virgens. Todas elas saíram desperadas para o corredor do feijão e disputavam a tapa os saquinhos de "fexao pinto". Era como naquelas promoções de Natal nos Estados Unidos que vemos, pela televisão, as pessoas esmagadas nas portas das lojas, correndo e se estapeando nas gôndolas. Por causa do "fexao pinto", as tias quarentonas, velhinhas corocas e menininhas virgens enlouqueciam. Carregavam pacotes enormes, com muito esforço, até os caixas dos supermercados e depois corriam para casa e fechavam a porta. Ninguém mais sabia o que acontecia na cozinha delas...

Até agora a Rosana não me disse até onde chegou a imaginação pornográfica dela. Estou curiosa.

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O Eric e o François, um amigo francês, conversando sobre brindes com bebidas:

François: no Brasil, se fala "tin-tin".
Eric: e tu sabe o que quer dizer "tin-tin" em japonês?
François: no... quê?
Eric: quer dizer caralho.