Ma vie en rose

De frente, de lado, de costas. En France.


sábado, agosto 27, 2005

E agora?

Um bom emprego, grana legal, namorado fofo, independência conquistada, pais juntos novamente, 52 quilos: as coisas andam muito perfeitinhas na minha vida. Mas estou contando os dias para ver até onde vai tudo isso.

Há anos vinha tentando resolver problemas financeiros, amorosos, familiares... E agora teoricamente todos eles acabaram. Digo que acabaram porque acredito que dentro de poucas semanas ou alguma coisa muito ruim vai acontecer (e acabar com toda a minha empolgação) ou eu já vou estar de saco cheio de tudo e vou estar querendo o que eu ainda não tenho.

Claro que eu ainda não sei o que é, mas me conhecendo há vinte e cinco anos, imagino que seja algo bem difícil, quase impossível, ou inexistente, só para eu voltar à minha condição de tempo-triste.

"All I ever wanted
All I ever needed
Is here in my arms
Words are very unnecessary
They can only do harm"
(Enjoy the Silence - Depeche Mode)

quarta-feira, agosto 24, 2005

Às duas da manhã

Certo que já rendi muitas fofocas para os porteiros do meu prédio, que ficam com uma expressão bem reticente quando abrem a porta para para mim, todos os dias, em torno das duas da manhã.
Mas o seu Dílson é um cara legal, jamais teria algum pensamento atrevido sobre essa moça certinha que sou.

- Menina, você chega muito tarde em casa!
- Hoje foram doze horas seguidas de trabalho.
- Ah é? Tu é médica, enfermeira?
- Não, sou jornalista.
- Ah, que legal!

Imagina eu, médica, enfermeira (pfffffffffff!!!!). Só podia ser mesmo uma observação do boa-praça do seu Dílson. Os outros nem ousam fazer comentários...

sexta-feira, agosto 12, 2005

Eu não consigo ser alegre o tempo inteiro II

Essa impressão pessimista que as pessoas têm de mim não é de agora. Quando eu era pequena, minha família me apelidou muito carinhosamente de "tempo-triste". Segundo a minha mãe, eu nunca estava satisfeita com nada, sempre enxergava defeitos em tudo.
"Lá vem a tempo-triste", denunciava alguém quando eu me aproximava inclinada a reclamar de alguma coisa. O meu machucado sempre doía mais, o meu pedaço de bolo era sempre o menor, as minhas necessidades era sempre mais urgentes que as de qualquer outra criança. Tudo, claro, de acordo com as versões da minha mãe.
E embora eu imaginasse que isso já estivesse sepultado há muito tempo, um ex-colega da Câmara do Livro comentou que eu tinha uma "aura depressiva": palavras dele. E essa semana, o Rafa abriu a página do Adão Iturrusgarai e disse, me mostrando a tirinha aí abaixo: "Isso me lembra muito de ti".
E, definitivamente, eu não sou triste, nem infeliz. Só que acredito que a felicidade não é constante. Também não acredito que ninguém que reflita sobre a realidade, sobre as pessoas, sobre o mundo, consiga se manter alegre por um longo período.

Mas deixo claro que essa é uma boa fase... talvez, a melhor desses últimos tempos.

Eu não consigo ser alegre o tempo inteiro

Posted by Picasa E no final de uma longa jornada de trabalho, ainda tenho que ouvir que esse personagem sou eu...

terça-feira, agosto 09, 2005

De volta


Foto: Mateus Bruxel Posted by Picasa

"It seems that were on Holidays
And sleeping in is not a sin
All the house work done by tea time
And feeling good about the way I've been
Perhaps this optimism will on down
Like a house of cards
I know that my decisions to change my life
it's not that hard
Accidently Kelly Street
I never thought life could be so sweet"
(Accidently Kelly Street - Frente)
.................................................................................................
Janelas se abrindo, boas expectativas, longas crises de riso... pena que felicidade é momentânea. Passinhos curtos, cuidado para não cair: a vontade é de alçar vôo, cantar alto, rodopiar.
É tão bom estar de volta!

domingo, agosto 07, 2005

Carne Trêmula

- Tu já viste "Carne Trêmula" do Almodóvar?
- Esse não.
- Eu também não. Vamos pegar?
- Pode ser.
- Desta vez, tu pergunta. Eu não vou fazer isso de novo.
- Ah, eu também não vou fazer isso.
- Ué, qual o problema?
- Eu vou chegar pro carinha e dizer: Tu tem "Carne Trêmula"?
- Ele vai dizer: Não, eu sou todo durinho... (crise de riso)
- Tá, então pára de rir, Dany.
- (crise de riso)
- Sério, pára.
- (crise de riso)

Bem de canto, ele pergunta:
- Ô cara, tem "Carne Trêmula"?
(Silêncio constragendor)
Cabeça baixa, o outro responde:
- Ahan, vou pegar.

Depois nós mulheres é que somos seres estranhos...

sexta-feira, agosto 05, 2005

Adeus, Florbela Espanca

Por dois meses, me chamou de Florbela Espanca, ainda que a violência jamais partisse de mim. Afinal, quem me espancava era ela. Também desconfio que em dois meses, jamais tenha se dado conta que tenho um nome, que tenho vida e sentimentos. Mas isso já não importa mais, é página virada.
Ontem, definitivamente, me despedi de Florbela Espanca. Para sempre. Como toda hipócrita, orgulhosa e repressora, ela exigiu que eu permanecesse. Em vão. Saí de lá em uma alegria flutuante, assoviando e voltei a sorrir. O motivo? Duas propostas de emprego, no mesmo dia, quase na mesma hora.
"A gente colhe o que planta", me disse minha amiga ex-chefe quase irmã. Eu já estou colhendo. Acho que ela também.

"Que bem que me faz agora
o mal que me fizeste"
(Canção grata - Florbela Espanca)