Ma vie en rose

De frente, de lado, de costas. En France.


terça-feira, maio 27, 2008

Sobre o fermento francês

Inspirada nas experiências culinárias do Moniquices, mas com um certo receio depois que cozinhei um bolo de chocolate que mais parecia uma camada de asfalto, encontrei a receita de "bolo na caneca" no As pedras do poder. Três minutos, microondas, a famosa receita do mistura tudo e mexe. Então eu pensei: sim, eu posso.

A receita é esta:

1 ovo

4 colheres (sopa) de leite

3 colheres (sopa) de óleo

2 colheres (sopa) de chocolate em pó

4 colheres (sopa) de açúcar

4 colheres (sopa) de farinha de trigo

1 colher (café) de fermento em pó

1. Em uma caneca de 300ml (é importante que seja deste tamanho), bata o ovo com o açúcar.

2. Acrescente o óleo e o chocolate em pó e bata mais um pouco.

3. Junte a farinha de trigo e o fermento em pó e bata.

4. Leve a caneca ao microondas por 3min.

Fácil, simples e rápido, nao é? Mas o bolo na caneca ficou assim:






Désolé, mas a culpa foi do fermento francês: não tem outra explicação! Agora eu entendi porque a baguette, o pãozinho deles, tem aquele tamanho.

Ok, vou tentar o bolo de iogurte gelado da Mônica as soon as meu namorado terminar as sessões de terapia após a ingestão forçada do bolo na caneca. Admito: não foi só ele que ficou traumatizado.

quinta-feira, maio 22, 2008

Amar é...

... sair de casa doente, às 22h30 da noite de uma quarta-feira, para assistir à estréia de Indiana Jones 4 com o namorado.

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Ok, nem ia me dar o trabalho de comentar nada sobre o novo longa de bosta do Spielberg porque achei que não valesse a pena. Mas e eu consigo fechar this hell big mouth? Claro que not!
Na verdade, o argumento que o Florent usou para me convencer, quando eu já tinha dito e registrado no cartório que nemfudendo, foi: "imagina o quanto tu vais poder te deitar em cima dessa porcaria". Porque, sim, mesmo antes de ir, ele admitiu que ele já sabia, junto com toda a torcida do Flamengo (ou do Lyon), que o filme seria uma baita mèrde.
Então, não vou repetir que o longa é um desastre. Not. Prometo que vou me controlar. Mas Indiana Jones 4 bem que poderia ser um filme dos Trapalhões: "Didi e o Reino da Caveira de Cristal". Ou o novo da série do Spielberg se chamar: "A Turma do Indidy". Cai bem, não? Aliás, Didi e Harrison Ford têm tudo a ver. Porque Indidy está gordo como uma porca, caindo aos pedaços de tão velho e com um humor tão falho quanto aos programas dominicais do começo de tarde da Globo.
Mas mesmo assim, Dr. Indidiana Jones consegue vencer parte do exército russo, que resolveu se alojar nos Estados Unidos em plena Guerra Fria, ahan. Depois de sobreviver a uma bomba atômica, ele viaja ao Peru, onde descobre tumbas seculares e a Cidade de Ouro como se ele fosse ali na boulangerie da esquina comprar um croissant. Pior ainda, Indidy decifra mistérios porque ele tem vastos conhecimentos da língua maia, detalhe: no coração do Império Inca (como assim, Bial?). Afinal, índio que é índio, fala tudo a mesma coisa, não é?
Sim, pode piorar. Indidiana, no meio do Rio Amazonas, desce as Cataratas do Iguaçu. E de lancha, minhagente! E aí, adivinhem onde ele chega, an, an? No Machu Picchu, que é ali, na divisa com o Paraná, como todos sabemos.
A grande surpresa do filme é que Dr. Henry Jones procria. Isso mesmo, ele tem um filhote que carrega toda a indidianice do sangue e que certo que vai dar seqüência à palhaçada quando o tio Ford bater as botas (vamos combinar que não vai demorar muito tempo).
A diversão só seria maior se tivéssemos visto o longa dublado em francês, como a maioria dos filmes aqui na terra do tio Sarkozy.
Que pena, hein! Fica pra próxima, Psit!

quarta-feira, maio 21, 2008

A bonita Jolie

Olhávamos um programa sobre o Festival de Cannes e, de repente, Angelina Jolie enche a tela da televisão. A moçoila, que carrega beleza até em seu sobrenome (jolie = bonita), era exclusivamente entrevistada em inglês por um crítico de cinema francês e dizia quaisquer besteiras, dessas que todas as atrizes bonitas e famosas se acham no direito de dizer só porque são bonitas, famosas, bem-sucedidas, ajudam criancinhas dos países pobres e bla bla bla (e inclua-se no bla bla bla estar casada com o macho mais cobiçado do planeta). Ok, ela pode.
Dona Bonita conta que a segunda língua em sua casa - língua esta que pratica com suas crias - é o francês. O critico entrevistador, até então nem aí para o que Jolie diz, completamente enfeitiçado pela beleza da atriz, pergunta se ela fala bem o francês. « Et vous parlez bien le français? » Então, dona Bonita fica muda, imóvel. E vem o silêncio constrangedor.

(cri, cri, cri, cri! – cantam os grilos fora do estúdio onde Jolie nao deveria ter falado essa besteira). E eu, me torcendo de rir no sofá. A gente nunca diz para um francês que se sabe falar francês.

- Un petit peu? - ajuda o entrevistador.
- Oui, un petit peu.

Eis que, também paralisada pelo efeito medusa-Jolie, a criatura ao meu lado, dispara:
- Estou impressionado de como ela fala bem francês!

E eu, no alto do meu saco cheio de oito meses de aulas, no exato dia em que eu havia feito TRÊS provas da língua que eu ainda não consigo dominar, sobre a qual eu tenho que ouvir com certa irritante freqüência do meu digníssimo petit-ami que preciso praticar mais, não contenho a minha revolta:

- Maspelamordedeus, Florent! A mulhé repetiu as mesmas três palavras do entrevistador!
- Sim, mas ela fez isso sem nenhum sotaque.

Arf! Posso bater?

quinta-feira, maio 15, 2008

A máfia



Em cinco dias passados na Itália, achei mais Francos lá do que no Brasil. E é impressionante essa coisa de descendência porque foi incrivelmente fácil de se comunicar com os italianos. Eu, que sempre achei ridículo esse orgulho burro de alguns brasileiros de afirmar suas origens européias de duzentos anos atrás para comprovar superioridade, confesso que minha ascendência teve alguma utilidade, pela primeira vez. Porque, automaticamente, me vinham expressões, palavras, traduções, consegui até ler o jornal, coisincrível! Tirando algumas baboseiras e palavrões que aprendi com o meu vô quando eu era pequena (essas coisas proibidas que os nonos sempre nos ensinam escondidos dos pais), nunca fiz aulas da língua e nem precisei dos sete intermináveis meses de curso para sair da linguagem dos sinais, como foi com o français.
Não é à toa que aqui na França todo mundo me tira pra italiana: ou olhando meu sobrenome ou em função da minha cara de polenta. O bom é que agora já sei onde posso pedir asilo se o Sarkozy resolver me expulsar.