Ma vie en rose

De frente, de lado, de costas. En France.


terça-feira, maio 22, 2007

Toda a cura para todo o mal

Filha: - Ix, tô achando que esse filme é meio deprê pra um sábado à noite.
Mãe: - Ainda bem que eu tenho uma cartela cheia de fluoxetina lá em casa.

Conclusão: humor negro só pode ser genético.

sábado, maio 19, 2007

Talk to me, dance with me


É sexta-feira de frio e sol. Acordo em um pulo projetando o final de semana e sou embalada por Hot Hot Heat enquanto saio do banho, me arrumo e tomo café. Vou dançando e cantando pelas ruas. As mãos para cima: “Talk to me, dance with me, in the spotlight, girl!” Chego com as bochechas vermelhas e morrendo de vontade de rir. Eu quero conversar, eu quero contar histórias bizarras, eu quero ouvir gargalhadas soltas e incontidas. À toa. Alguém quer tomar um café no mundo mágico da cozinha? Ninguém responde porque ninguém ouve além do que é permitido. Como resposta recebo os barulhinhos das teclas e um silêncio ensurdecedor. Luz branca, caras fechadas. Ninguém ri, ninguém opina, ninguém se fala. Toda e qualquer vontade de manifesto é barrada por uma inércia estática que se sente desde o momento em que se põe um pé para dentro (e é por isso que, por precaução, eu sempre fico com o outro lá fora). Não me digam que essa vontade de me espatifar contra o vidro da janela e pular do quarto andar é tendência suicida. Porque, hoje, eu só gostaria de viver um pouquinho.

"Did you get older doing nothing today?
Don't you wanna stop complaining?
If one is easy then hard is two
No one knows where you're heading to"
(No consolation prizes - Phoenix)
Posted by Picasa

quarta-feira, maio 16, 2007

Calendário

Ele parou enquanto observava o calendário-ímã grudado na porta da geladeira e riu da minha distração. Desde outubro as folhinhas não eram retiradas. Eu, que nem lembrava que existia um calendário em minha casa, tinha a resposta ao enigma na ponta da língua. “Uma grande prova de que minha vida estagnou – mais precisamente no dia 7 de outubro.” Ele pareceu impressionado com a declaração e, surpreendentemente, não duvidou dos meus sentimentos ou criticou meus exageros. E eu me orgulhei por, pela primeira vez, não ter que convencê-lo: ele realmente começava a confiar em mim.
Mas se hoje eu lhe dissesse que, desde o final de fevereiro passei a notar todos os dias o calendário parado, e isso começou a me importunar profundamente a ponto de ter que escondê-lo, será que ele acreditaria? Mais precisamente desde 28 de fevereiro.


"Due to lack of interest tomorrow is cancelled
Let the clocks be reset and the pendulums held
Cos there’s nothing at all except the space in between
Finding out what you’re called and repeating your name"
(Ruby - Kaiser Chiefs)


terça-feira, maio 01, 2007

Das medidas absurdas

Hoje, fui a uma confeitaria e me surpreendi com o pedido de uma senhora que estava na minha frente:
- Quero meio pedaço de torta.
Como alguém pode pedir MEIO pedaço de torta? É ridículo: não existe meio pedaço. Se é um pedaço, é inteiro, ora! Mas não sei se o que mais me assustou foi a falta de lógica ou o excesso de avareza da velhinha.
Lá em casa, quando meu pai queria ser engraçadinho, sempre vinha com a piada do meio buraco, que, por sinal, é outro exemplo absurdo. Eu sempre tinha a resposta na ponta da língua: “É só tapar um buraco e fica o meio buraco”. “Mas ainda é um buraco”, ele contrapunha e vencia.
Ainda no rol das medidas inaceitáveis do mundo, já presenciei outro pedido bizarro, mas desta vez possível. A moça queria meia bola de sorvete. Meia bola: ok. Mas como alguém pode continuar o curso de sua vida normalmente tomando apenas meia bola de sorvete? Vamos combinar que é muito pouco açúcar para estimular o mínimo de felicidade...