Ma vie en rose

De frente, de lado, de costas. En France.


quinta-feira, outubro 22, 2009

Falando grego

Cheguei no CABELELERO na hora marcada e fui recebida por uma mocinha de capa de revista; corte de cabelo punk, figurino e maquiagem impecável. Me olhou com cara de nojinho.

- Então, o que você deseja?
- Desejo cortar o cabelo com um homem – disparei.

Não importa se é beesha ou não. A opção sexual não me interessa, mas o sexo, sim: só homi bota a mão na minha juba.

A coiffeuse não gostou da resposta, torceu o nariz e foi falar com a única criatura da espécime masculina do salão.

- Então, o que você deseja? - ele se dirigiu até mim, sorrindo e gentil.

- Ainda não sei direito, queria conversar com você pra saber sua opinião. Se você tiver alguma sugestão, eu aceito. Porque cada vez que corto, sai completamente da ideia inicial. Mas, se você nao tiver uma sugestão, c'est pas grave, eu tenho uma. Não que eu queira atrapalhar a sua criação, mas dei uma olhada nas revistas e não gostei de nada. Pra variar. Mas pensei que talvez desse pra juntar a parte de legal de cada corte e aí queria uma mistura disso aqui com isso, só que menos curto, claro. Se desse pra fazer a franja picada e assimétrica, dessa forma aqui – mexo no meu cabelo e solto o elástico que o prendia o rabo de cavalo. Na franja, com o dedo em forma de tesoura, desenho o formato desejado.

- Você esta vendo qual é o problema? - continuo.

Ele nao responde. O sorriso some no rosto.

- Deixa que eu te falo qual é o problema. Não sei porque, e você deve ter explicação razoável pra essa anormalidade, meu cabelo cresce mais de um lado, e mais na parte de cima de um lado - levanto a parte de cima do cabelo no topo da cabeça. Não deve ser comum isso, mas tudo bem, já estou acostumada com mistérios muito mais graves na minha vida. E oh, não estou reclamando, mas é horrivel isso de eu ter a parte superior do cabelo maior do que a inferior. E aí, com esse volume nas pontas e essa franja inteira, com o que que eu fico parecida?

Ele abre a boca. Mas nao fala nada. E eu:

- Não precisa dizer, eu já sei com o que eu fico parecida e é isso mesmo que você pensou. E olha, nao é bom ficar parecida com o Bozo, hein. Triste, muito triste. Porque eu tinha medo do Bozo quando eu era pequena. E, agora, eu deveria ter medo de mim? Se deveria, nao tenho. Ausência de auto-crítica? Acho que não. E que tem tantas outras coisas que me incomodam em mim, que parecer o Bozo esta lá no final da lista dos problemas. De qualquer forma, se eu não me importasse com isso, eu não estaria aqui hoje. Mas, então, continuando, eu queria que você cortasse essa parte, e pode tosar toda essa parte aqui também, mas sem mexer muito no comprimento, porque eu estou tentando deixar crescer o cabelo há meses. Mas não consigo, né. Não me aguento e corto sozinha em casa de vez em quando. Jah até comprei uma tesoura profissional esses dias. Eu sei, parece que não ajudou muito. Talvez por isso que o corte fique estranho uns meses depois. Mas oh, nao tem importância. Você conseguiu entender tudo o que eu te pedi? Você percebeu que não é nada assim muito muito específico, e nem precisa seguir tudo o que eu te disse. Como falei, você pode mudar, ou se você ainda tiver uma proposição...

Paro, respiro, continuo. Ele segue me olhando.

- Ah, quer saber, esquece tudo o que eu disse. Acabei de desistir do corte que eu expliquei. Faz o que você achar melhor e pronto.

Ele segue me encarando, muito sério.

Silêncio.

Silêncio.

Silêncio.


- Você é grega?

Demoro alguns segundos pra responder, tentando entender qual foi o fundamento dessa constatação.

- Não, sou brasileira.

Ele sorri com uma expressão compreensiva e diz:
- Ahhhhhhhhhhhhh – como se ele tivesse desvendado todos os mistérios do universo.

Então eu resolvi ficar muda até o final do trabalho dele.

E estou até agora tentando estabelecer a relação entre o episódio acima e o fato de eu ter saído do salão parecendo a Sharon Osbourne.


Benhê, hoje temos morcego para a janta!

sexta-feira, outubro 16, 2009

Mindingo (don't) wannabe

Desde o final desse verão (europeu), eu já vinha dizendo por aqui que o look mendigo estava chegando. As vitrines não mentem: é um tal de calça velha, rasgada, camisetas desbotadas e sapato novo com cara de sujo e usado que é de cegar de tão HORRÉVEL.

E aí essa semana, uma amiga de Porto Alegre, a Sophia, postou esse link no twitter: a nova estética do homem
.



Mas, meninas, não desanimem. Segundo a Revista TPM , também tem pra mulher...


Enquanto isso, lá na Bélgica, um concurso elegeu Thérèse Van Belle como a moradora de rua mais bela. "Exploração cínica da pobreza", como criticam as organizações sociais do país, parece mesmo que essa moda está (infundada e tristemente) instaurada.




Thérèse é feia, mas tá na moda