Chegou o verão
.. e com ele, as baratas. Mas, já há alguns meses, desde que o calor resolveu se estabelecer aqui pelo subtrópico, comecei minhas inspeções típicas da época. Chegar em casa e deixar a porta aberta enquanto caminho pelos três cômodos da casa olhado o chão. Se eu gritar, o porteiro escuta. Paninhos em quaisquer aberturas por onde elas possam entrar. Bueiros sempre tapados, Rodox à mão, pastilhas de veneno debaixo dos móveis. E mesmo assim elas continuam perturbando a minha imaginação. Sempre que alguma coisa pequena e escura se move - o que na maioria das vezes é apenas uma sombra - eu já localizo mentalmente a vassoura e o veneno enquanto subo em qualquer móvel onde acredito que inicialmente elas não me atacarão. E acredito também que cheguei ao ápice da minha acuidade visual para baratas quando, ontem, dentro do táxi em movimento, depois de mais de oito horas de trabalho na frente do computador, consegui enxergar uma barata caminhando na calçada. Saudades do inverno.