Ma vie en rose

De frente, de lado, de costas. En France.


segunda-feira, outubro 18, 2004

O Mundo

Um homem do povoado de Neguá, na costa da Colômbia, pôde subir até o céu. Na volta, contou. Disse que contemplou, lá de cima, a vida humana. E disse que somos um mar de foguinhos.
– O mundo é isso – revelou. Um montão de gente, um mar de foguinhos.
Cada pessoa brilha com luz própria entre todas as demais.
Não há fogos iguais. Há fogos grandes e fogos pequenos e fogos de todas as cores. Há gente de fogo sereno, que nem se dá conta que existe o vento, e gente de fogo louco, que enche o ar de faíscas. Alguns fogos, fogos bobos, não iluminam nem queimam; mas outros ardem a vida com tanta vontade que não se pode olhá-los sem piscar, e quem se aproxima, se acende.

Eduardo Galeano

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Sem palavras, Galeano é maravilhoso. Claro que qualquer ser humano que se preze já filosofou sobre essa idéia de que todos somos únicos. Mas o Galeano vai muito mais além: suas palavras é que são únicas.
Aí quando estava voltando da aula hoje no Universitária bus, fiquei imaginando qual desses fogos sou eu. Concluí que, primeiramente, sou o fogo de todas as cores. Sou mesmo uma pessoa multicolorida e acredito que transmito isso para os outros. Aliás, tenho uma história muito engraçada sobre isso. Uma vez, passei na casa da Mari para irmos no Ocidente. Os pais dela estavam lá e ficamos conversando por um tempo. No outro dia ela me disse que o pai dela tinha dito: "Que engraçado a tua amiga. Parece uma borboleta de tão colorida". Só que neste dia, quando conheci os pais da Mari, eu estava vestida toda de preto.
Depois sou o fogo que arde com muita vontade. Eu a-mo viver. E olha que sou uma das piscianas mais sofredoras que já tive notícia! Mas acredito que até na dor há prazer. O prazer, de por exemplo, tu rires de uma situação chata que já passou. Ou de lembrar com alívio a ferida já cicatrizada. E ah, as coisas boas! Amar, beijar, abraçar, rir, sorrir, sair, dançar, cantar, viajar, sonhar, conhecer, sentir, saber, desconhecer, aprender, tocar, ver, comer, provar, aprovar, falar, ouvir, querer, conseguir, ter...
Costumo comentar com as pessoas mais próximas que tenho tantos planos, tenho tantas vontades, quero tanta coisa, que não sei se uma vida só é suficiente para realizar tudo. Acho que preciso no mínimo, de uns 500 anos para fazer tudo o que pretendo. E por enquanto estou só no 24° capítulo desta jornada.


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