Ma vie en rose

De frente, de lado, de costas. En France.


segunda-feira, abril 16, 2007

Da série: o que fazer em caso de incêndio

Aí a gente está em uma entrevista muito séria sobre o novo software de gerenciamento de informações de um hospital, com o chefe da área de informática e... plop! O botão da camisa - sim, aquele que fica bem entre os peitos - resolve se manifestar e abrir, deixando à mostra o que nem a lingerie consegue esconder.
O entrevistado se engasga, perde o fio do discurso, e paralisa os olhos bem no buraco que eu estou tentando esconder, disfarçadamente, e em vão. “Do que eu estava falando mesmo?”, ele me pergunta fazendo de conta que não está percebendo que eu tento retorcidamente, por detrás do bloco de anotações, colocar o maldito botão de volta na sua casinha. “Hummm é... sobre...”. Na verdade, nem eu lembro, porque meu cérebro mandou todo o sangue da cabeça para as bochechas. Com aquele sorrisinho amarelo, entôo a famosa perguntinha: “Senhor fulaninho, qual é o objetivo deste novo sistema?”. E aí a criatura desanda a falar, vermelho como um tomate, fazendo de conta que não está vendo, mas está vendo que eu sei, minha segunda desajeitada tentativa de fechar a blusa com a mão esquerda, enquanto a direita desanda a anotar as informações.
Ele pára, olhos fixos na minha mão. Eu tento tapar o buraco com a palma aberta, sem olhar que ele está olhando, mas percebendo. Hum, qual era aquela outra pergunta de emergência mesmo? “Até quando o senhor acha que o hospital vai estar operando dentro de todo o sistema?”. Largo a caneta na mesa e estou indo descaradamente abotoar a camisa quando ele, pára no meio da resposta e pergunta se eu não vou anotar. “Na verdade, só anoto como medida de segurança porque o gravador registra tudo” – e me vem à mente a cena de dias atrás quando o aparelho resolveu engolir a fita inteira na frente do diretor-geral do mesmo hospital. “Ah” – os olhos persistem nos movimentos das minhas mãos. “Mas o senhor estava falando sobre o tempo de adaptação ao sistema, não é?”. Caraca, estou ficando boa nisso! Agora eu penso, anoto, pergunto e abotôo a blusa ao mesmo tempo. Ele olha para o lado, eu olho para baixo. O botão está quase dentro da casinha, a blusa quase fechada. Ele volta os olhos para mim, respira fundo. Eu sorrio, ele sorri de volta. Ele pensa: “Mazá, tu conseguiu, guria!” e eu penso: “Viu só, sou muito boa e abotoar camisas em entrevistas superimportantes e acabar com situações constrangedoras!”.
Em vão. Quando me levanto e estendo a mão para me despedir, a blusa abre novamente. Ouço a risadinha maléfica do botão: “Hihihihihi! Se fudeu, se fudeu!”. Ok, respirar fundo, postura, e lembrar que só estou na frente do entrevistado com os peitos quase de fora. Lembro da máxima que sou uma princesa, porque eu sou uma princesa, pego minha bolsa e a atravesso bem na frente da abertura. “Muito obrigada e até nunca mais”, I hope so. Antes de chegar à porta de saída, coloco o botãozinho com toda a vontade dentro da casinha. Ah, como é bom a liberdade de colocar os botões dentro das casinhas! Um passo a frente, e a bolinha sai rolando saltitante e alegre pelo chão. Ok, você venceu, botão.
O que fazer em caso de incêndio? Com a pasta do estilo “meu primeiro sutiã”, saio, correndo, em busca do banheiro. Um espelho enorme me espera para me contar o tamanho do desastre. Chego devagarinho, pé ante pé, para o susto não ser maior do que o fato. “Te acalma, Maria do Bairro!”.
Na frente da imagem, a decepção. Em pé, com meus 1,65m completamente à mostra, não enxergo nada, nada, nada demais: só de menos. Gostaria mesmo que houvesse alguma coisa para ser olhada ali...

11 Comments:

  • At 11:29 PM, Anonymous Anônimo said…

    Um amigo meu tem o Bart Simpson tatuado no peito. Na verdade tem várias tatuagens q eu pensei pra falar, mas é grosseiro.
    Eu já cruzei São Paulo com a braguilha aberta e passei o dia em Brasília com um chiclete na calça. É legal (chegar em casa.)

     
  • At 10:47 AM, Blogger RodOgrO said…

    Sabe, isso me fez pensar: foto DESSA cena você não coloca, né?

    Fica meu protesto. ;)

     
  • At 8:17 PM, Blogger Penkala said…

    eu ri de rolar aqui. porque eu REALMENTE imaginei de quem se tratava o senhor que não parava de olhar.

    quando eu fui fazer entrevista de emprego onde eu trabalho agora, fui de camisa. tava lá, eu e a camisa, quando percebo que os meus peitos todos estavam empurrando a camisa pra longe e o pobre do botão tava quase pedindo pelamor pra ser salvo. foi quando me deram um crachá ridículo de visitante. e eu SOQUEI ELE BEM NO MEIO DOS PEITOS. e o botão respirou aliviado pela ajuda.

    o brabo foi quando eu devolvi o crachá e voltei pra casa de trem. no trem, diga-se, não tem crachá de visitante.

     
  • At 8:20 PM, Anonymous Anônimo said…

    dany, esqueci de agradecer. obrigada pelos videoclips dos anos 80, apesar de o presente ter sido dado de maneira onírica.

     
  • At 11:16 PM, Blogger Kallil said…

    Sabe, isso me fez pensar: foto DESSA cena você não coloca, né?
    Fica meu protesto. ;)
    ...
    ...
    Falou pouco e falou tudo. Além do mais, tatuador tem em toda esquina... sei lá; só uma idéia.. >=]
    .
    "(...)de maneira onírica.". ?!?!!!!?!!!?
    =**

     
  • At 11:39 PM, Blogger Kallil said…

    de fato, tratou-se de uma inteligente colocação.
    Onírico, que é relativo à deusa Oníris (irmã bastarda do Osíris, e cunhada da Ísis), cuja atribuição é o mundo dos sonhos.
    Assim como Ποσειδῶν (Poseidon; que significa ´Possuidor dos Mares e garanhão dos anfíbios´), cujo nome derivou de poseidis (como diria o saudoso Mussum), Oníris, na contramão da regra ortodoxa grega, derivou de Onirion.
    Assim, a relação da tradição do vídeo, que conjuga um ato social, é fruto do círculo/rede contemporâneo(a) de amigos; a forma empírico-sociológica é de um anel.
    Concluí, em segundos, que o ato descrito pelo(a) Cris é, traduzindo, uma Onion Ring.... uma DELÍCIA!
    ....
    tirem o meu copo, please.

     
  • At 5:59 PM, Anonymous Anônimo said…

    os peitos ESTÃO SEMPRE nos dando situações constrangedoras. impressionante isso.

     
  • At 12:30 PM, Anonymous Anônimo said…

    Peitos sempre acabam sendo motivo de discórdia, não tem jeito.

     
  • At 12:01 PM, Blogger Isadora said…

    concordo. peitos só nos causam situações constrangedoras ... e olha, que eu tenho peito pra flar, hein !

    haja jogo de cintura ! cintura, não de peito...

     
  • At 11:42 PM, Anonymous Anônimo said…

    Dani, teu amigo Kalil deve estar achando que o presente na forma onírica está relacionado ao teu texto, explica pra ele que o meu post é sobre o sonho que eu tive contigo.

     
  • At 11:49 PM, Anonymous Anônimo said…

    Kalil, meu apelido é Dory, só pra tu entender a minha sanidade.

     

Postar um comentário

<< Home