declaração
Meu pai veio de uma família estranha e teve uma criação e uma educação rígidas, onde qualquer tipo de demonstração de amor e carinho parecia sempre estar proibido. Como não sabia ser diferente daquilo que lhe havia sido ensinado, cresceu e viveu escondendo seus sentimentos. Ele não sabia abraçar, beijar, dizer palavras ternas, e quando tinha necessidade de mostrar que se importava conosco, comprava algum presente ou nos dava dinheiro. Além disso, tinha uma dificuldade enorme de receber carinho, se enrijecia frente a qualquer elogio, morria de vergonha de ser presenteado, de ser afagado, se transformava facilmente em uma montanha de gelo quando isso acontecia.
Em uma madrugada do ano passado, quando eu estava me preparando para dormir, ele me ligou e tratou logo de espantar minha aflição diante daquela situação inusitada, queria mesmo “só conversar”. Dificilmente meu pai me telefonava, geralmente falava comigo quando a iniciativa partia de minha mãe. Mas, naquela noite, ele estava cheio de assuntos, por mais de uma hora me contou várias histórias e chegou a me consolar quando eu disse que estava cansada de toda aquela dura rotina de trabalho não reconhecida. “Fica fria que as coisas vão melhorar”, ele me disse, todo tímido.
Quando nos despedimos, senti que aquela era a oportunidade para dizer o que sempre senti por ele, mas que jamais havia me arriscado a falar. Então juntei toda a minha coragem, morrendo de receio de como ele receberia a declaração. “Pai, eu te amo”. E se passaram longos segundos até que todo o gelo daquela enorme montanha se derretesse... Com a voz embargada, ele respondeu: “Mana, eu também te amo”.
A partir desse dia, antes de terminar as ligações, ele sempre tinha a iniciativa de dizer que me amava (nossas conversas também passaram a ser mais freqüentes). Cheguei muitas vezes a suspeitar que ele me telefonava esperando só pelo momento da despedida.
Em uma madrugada do ano passado, quando eu estava me preparando para dormir, ele me ligou e tratou logo de espantar minha aflição diante daquela situação inusitada, queria mesmo “só conversar”. Dificilmente meu pai me telefonava, geralmente falava comigo quando a iniciativa partia de minha mãe. Mas, naquela noite, ele estava cheio de assuntos, por mais de uma hora me contou várias histórias e chegou a me consolar quando eu disse que estava cansada de toda aquela dura rotina de trabalho não reconhecida. “Fica fria que as coisas vão melhorar”, ele me disse, todo tímido.
Quando nos despedimos, senti que aquela era a oportunidade para dizer o que sempre senti por ele, mas que jamais havia me arriscado a falar. Então juntei toda a minha coragem, morrendo de receio de como ele receberia a declaração. “Pai, eu te amo”. E se passaram longos segundos até que todo o gelo daquela enorme montanha se derretesse... Com a voz embargada, ele respondeu: “Mana, eu também te amo”.
A partir desse dia, antes de terminar as ligações, ele sempre tinha a iniciativa de dizer que me amava (nossas conversas também passaram a ser mais freqüentes). Cheguei muitas vezes a suspeitar que ele me telefonava esperando só pelo momento da despedida.
8 Comments:
At 12:08 PM, Anônimo said…
beijos, menina linda!
M.
At 6:24 PM, Anônimo said…
ahhh
na minha família tb somos assim. pra dizer que a gente se ama, tem que ser em tom de escracho. alguma frase do tipo: "tá, ô porra, eu te tb te amo"
At 11:54 PM, Dany Darko said…
Hehehe... é muito mais fácil xingar né? Aliás, é a melhor forma de se esconder...
At 10:17 AM, RodOgrO said…
Esconder sentimentos? Quem faz isso??? O.o
Belíssima história, Dany. Obrigado por compartilhar conosco!
E te amo, pôrra! Mulé louka...
At 10:19 AM, RodOgrO said…
hahaha Bibs disse tudo...
Viu, bibs, adotei uma solução muito prática na minha família (que também é assim, pra variar): a gente simplesmente não fala... O lado ruim? Que às vezes você acaba sem saber se sente...
At 10:38 PM, Anônimo said…
hahaha, quem disse tudo foi tu!
At 4:14 PM, Lu said…
Gosto muito, muito, muito de ti, linda! Beijos!!!!
At 9:42 PM, Alexandre Alliatti said…
Que bonito isso, Dany...
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