O melhor e o pior
Temporariamente no Brasil, para visitar a famille e resolver burrocracias, eu havia me esquecido de como o verão era calor, de como as cidades ficam desertas (e as praias lotadas), de como o carnaval é irritante e dessa neura de corpo, peito, bunda, barriga sarada e bronzeado em dia que meus conterrâneos impõem a si mesmos e aos outros.
A primeira pergunta para quem chega de fora, depois de uma longa viagem, é: "Foi bom?". Foi, não. É. E vai continuar sendo. Porque fico aqui só até o começo de fevereiro. E depois: "Lá é melhor?". Resposta: "O meu desespero para voltar responde". Seqüência: "Sentiu falta do Brasil?". Resposta: "Senti falta da família, dos amigos, do Beco, do churrasco, das calcinhas brasileiras (porque na França ou a gente compra uma calça de vó ou a gente compra um string: não tem meio-termo) e de suco de laranja (porque na França tem Guaraná Antártica e caipirinha, mas não tem suco de laranja)".
Já no segundo dia de Brasil, uma briga na hora do almoço com a mãe. "Então quer dizer que tudo lá é melhor?", ela me desafiava. "Tudo não. O churrasco, as calcinhas e o suco de laranja aqui são melhores. Tão melhores que eu tive que voltar para o Brasil para comer churrasco, comprar calcinhas brasileiras e beber suco de laranja natural". Indignada, ela listava: "Mas nossa alimentação aqui é melhor". E eu: "Tirando o suco de laranja e o churrasco, tudo o que tem aqui, tem lá. Mas eles ainda têm queijo, vinho e uma culinária tri refinada". Terceiro round: "Mas a gente tem cerveja boa", ela retrucou. "É que tu não conhece a cerveja européia." "E as brasileiras são mais bonitas", começa a apelação. "Tem mulher bonita em todo o canto do mundo, mãe". "Mas as brasileiras são internacionalmente reconhecidas pelo seu charme, sua beleza...". "E as francesas por se vestirem bem." Quinto round, baixaria: "Se vestem bem, mas não tomam banho. De que adianta?" "Adianta que eles têm os melhores perfumes". "Ah, tá, guriazinha, então, se lá é tudo melhor, porque tu não voltas pra lá logo?". "Tão logo quando fevereiro chegar". Nocaute. O clima segue tenso até a hora da sobremesa. "Vai dizer que o sorvete lá é o melhor também". "Ahn? Ah, isso aqui era pra ser um sorvete? Pensei que fosse manteiga com açúcar". O que acontece depois, meu bom senso não me permite contar...
Ironias à parte, acho que todo mundo, quando viaja, tem essa sensação de que encontrou o melhor fora de seu ninho. Não acho que a França seja melhor que o Brasil ou vice-versa, mas acabamos conhecendo novas situações, sensações, pessoas e lugares (e sorvetes) diferentes daqueles aos que estávamos acostumados. O novo é sempre diferente, nos completa, nos agrega conhecimento, vivências e experiências. Tenho amigos franceses que acham que o Brasil é o melhor lugar do mundo e para eles, tudo o que eles viram/fizeram/conheceram por aqui, realmente foi o melhor que eles puderam ter comparado ao que à rotina em seus lugares sempre propiciaram.
O mais interessante de tudo isso, para mim, não é selecionar o melhor ou o pior, mas ampliar a visão, a percepção e a informação de um mundo que antes era restrito a um certo espaço, que, agora, aumentou. Ao explicar isso para a minha mãe, ela lembrou que não foi só meu conhecimento que aumentou, mas também minhas formas se expandiram, em paralelo às minhas experiências. "Bem gordinha, né!". "Pois é, mamma, tudo culpa do vinho, do queijo, do sorvete, do chocolate..."
A primeira pergunta para quem chega de fora, depois de uma longa viagem, é: "Foi bom?". Foi, não. É. E vai continuar sendo. Porque fico aqui só até o começo de fevereiro. E depois: "Lá é melhor?". Resposta: "O meu desespero para voltar responde". Seqüência: "Sentiu falta do Brasil?". Resposta: "Senti falta da família, dos amigos, do Beco, do churrasco, das calcinhas brasileiras (porque na França ou a gente compra uma calça de vó ou a gente compra um string: não tem meio-termo) e de suco de laranja (porque na França tem Guaraná Antártica e caipirinha, mas não tem suco de laranja)".
Já no segundo dia de Brasil, uma briga na hora do almoço com a mãe. "Então quer dizer que tudo lá é melhor?", ela me desafiava. "Tudo não. O churrasco, as calcinhas e o suco de laranja aqui são melhores. Tão melhores que eu tive que voltar para o Brasil para comer churrasco, comprar calcinhas brasileiras e beber suco de laranja natural". Indignada, ela listava: "Mas nossa alimentação aqui é melhor". E eu: "Tirando o suco de laranja e o churrasco, tudo o que tem aqui, tem lá. Mas eles ainda têm queijo, vinho e uma culinária tri refinada". Terceiro round: "Mas a gente tem cerveja boa", ela retrucou. "É que tu não conhece a cerveja européia." "E as brasileiras são mais bonitas", começa a apelação. "Tem mulher bonita em todo o canto do mundo, mãe". "Mas as brasileiras são internacionalmente reconhecidas pelo seu charme, sua beleza...". "E as francesas por se vestirem bem." Quinto round, baixaria: "Se vestem bem, mas não tomam banho. De que adianta?" "Adianta que eles têm os melhores perfumes". "Ah, tá, guriazinha, então, se lá é tudo melhor, porque tu não voltas pra lá logo?". "Tão logo quando fevereiro chegar". Nocaute. O clima segue tenso até a hora da sobremesa. "Vai dizer que o sorvete lá é o melhor também". "Ahn? Ah, isso aqui era pra ser um sorvete? Pensei que fosse manteiga com açúcar". O que acontece depois, meu bom senso não me permite contar...
Ironias à parte, acho que todo mundo, quando viaja, tem essa sensação de que encontrou o melhor fora de seu ninho. Não acho que a França seja melhor que o Brasil ou vice-versa, mas acabamos conhecendo novas situações, sensações, pessoas e lugares (e sorvetes) diferentes daqueles aos que estávamos acostumados. O novo é sempre diferente, nos completa, nos agrega conhecimento, vivências e experiências. Tenho amigos franceses que acham que o Brasil é o melhor lugar do mundo e para eles, tudo o que eles viram/fizeram/conheceram por aqui, realmente foi o melhor que eles puderam ter comparado ao que à rotina em seus lugares sempre propiciaram.
O mais interessante de tudo isso, para mim, não é selecionar o melhor ou o pior, mas ampliar a visão, a percepção e a informação de um mundo que antes era restrito a um certo espaço, que, agora, aumentou. Ao explicar isso para a minha mãe, ela lembrou que não foi só meu conhecimento que aumentou, mas também minhas formas se expandiram, em paralelo às minhas experiências. "Bem gordinha, né!". "Pois é, mamma, tudo culpa do vinho, do queijo, do sorvete, do chocolate..."
4 Comments:
At 8:22 PM, Unknown said…
sensacional!!! fico imaginando a cena com tua mae!! e bem, tendo a oportunidade de sentir os prazeres daqui (concordo com voce! é bom!!), confesso que sinto falta do calorzinho dai, mas quanta FELICIDADE de so retornar DEPOIS do carnaval!!!! beijao!!
At 2:09 PM, RodOgrO said…
Eu acho que a França é melhor que o Brasil. Não sou nem um pouco politicamente correto: lá os momumentos são bem cuidados, a criminalidade é mais baixa, eles valorizam a cultura e a história e além de tudo protestam quando tem algo errado. Aqui a gente leva mensalão e fica quieto, aumento de imposto e não fala nada... Existe uma razão para chamarem isso aqui de TERCEIRO mundo e aquilo lá de PRIMEIRO mundo, afinal...
At 2:09 AM, Kallil said…
hahahahhahahaha
post do caraaalho, pra variar!! =]
Meu, lembrei MTO de ti agora: tava assistindo Moulin Rouge! huahuahua
Na verdade, apareceu uma palavra em francês, penso em ti já! huahua Confesso: até qndo assisti Ratatouille !! huahua
Meu, beijo enorme! Texto excelente! =]
At 12:39 AM, Mari Thomé said…
Já viste a Lu Thomé por estas bandas?
Saudades mesmo.
Mas a parte mais séria disso tudo são as calcinhas mesmo. Nem Victoria's Secret se salva. que calcinhas HORRÍVEIS...
:D
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