Le barbecue
Traumatizada pela overdose de queijo, aceitei na hora um convite para um barbecue. Depois do susto de ver o preço da carne no supermercado - um bifinho custa dez euros! - me animei toda com a possibilidade de retomar o que é quase uma obrigaçao nos finais de semana no Brasil: o churrasco. Mas minha desconfiança começou quando fui informada que a cerveja nao estava gelada. Alias, na Europa, ela nunca estah nem nunca vai estar. Dizem por aqui que o excesso de refrigeraçao acaba com o sabor da bebida. Hum, ok. Alias, no nosso churasco à francesa, pudemos sentir bem o gosto da Heineken que fervia nas bochechas com o calor de mais de 30 graus da ultima semana.
E estamos todos reunidos, bem felizes, comendo baguette com pepino e ebulindo a cevada na frente do fogo. Eis que procuro, em vao, o sal grosso. Começo a especular que, assim como cerveja quente, o churrasco seja feito sem a especiaria: pourquoi pas? O fogo estah aceso, mas nada de a carne dar o ar de sua graça. Começo a ficar realmente preocupada - e decepcionada - quando esganiçadas linguiças sao espalhadas pela grelha. Ai, que medo!
"Mas, e a carne?" - pergunto, em portugues, para o meu namorado. "Estah ali, assando", ele aponta a brasa. I predict a riot: o churrasco deles é feito com chipolatas, um salame, que, pelo nome, presumo que seja italiano, e que nao tem um quinto do tamanho dos nossos salsichoes! Ei, quero explicaçoes: "Mas é um churrasco sem carne?" - insisto. "Nao é um churrasco, é um barbecue", Florent responde se deitando de tanto rir da minha expressao de dor e infelicidade.
Eis entao que resolvo explicar o que é um churrasco no Brasil. Um grupo de franceses ouve, incredulo, com os olhos arregalados e verdadeiramente impressionados, que usamos um pedaço de carne enoooooooorme, mostro o tamanho com as maos: "comme ça", com muito sal, muita cerveja gelada, e que saudade! com chimarrao. Estufo o peito, orgulhosa: "c'est ainsi au Brésil, c'est mon pays". Eles sorriem, comentam entre eles, vibram com a historia. Até que um dos churrasqueiros resolve achar que eu estou menosprezando as apimentadas, demilinguidas e caloricas chipolatas (imagina, eu!) e resolve me mandar de volta para o Brasil. Engulo mais um pedaço de pao com pepino e um gole de cerveja quente. "Excuse moi..."
De volta em casa, meu estomago se recusa a digerir a mistura de carne de porco, pimenta e muita gordura do churrasco frances. Durante toda a madrugada, temos longas conversas e travamos um acordo para que ele aceite o nobre alimento. Ao meu lado, o estomago do Florent tambem relembra os quase dois anos de Brasil. E admite, mesmo que isso renegue suas raizes: parece que nao sou soh eu que sente falta de uma boa picanha.
E estamos todos reunidos, bem felizes, comendo baguette com pepino e ebulindo a cevada na frente do fogo. Eis que procuro, em vao, o sal grosso. Começo a especular que, assim como cerveja quente, o churrasco seja feito sem a especiaria: pourquoi pas? O fogo estah aceso, mas nada de a carne dar o ar de sua graça. Começo a ficar realmente preocupada - e decepcionada - quando esganiçadas linguiças sao espalhadas pela grelha. Ai, que medo!
"Mas, e a carne?" - pergunto, em portugues, para o meu namorado. "Estah ali, assando", ele aponta a brasa. I predict a riot: o churrasco deles é feito com chipolatas, um salame, que, pelo nome, presumo que seja italiano, e que nao tem um quinto do tamanho dos nossos salsichoes! Ei, quero explicaçoes: "Mas é um churrasco sem carne?" - insisto. "Nao é um churrasco, é um barbecue", Florent responde se deitando de tanto rir da minha expressao de dor e infelicidade.
Eis entao que resolvo explicar o que é um churrasco no Brasil. Um grupo de franceses ouve, incredulo, com os olhos arregalados e verdadeiramente impressionados, que usamos um pedaço de carne enoooooooorme, mostro o tamanho com as maos: "comme ça", com muito sal, muita cerveja gelada, e que saudade! com chimarrao. Estufo o peito, orgulhosa: "c'est ainsi au Brésil, c'est mon pays". Eles sorriem, comentam entre eles, vibram com a historia. Até que um dos churrasqueiros resolve achar que eu estou menosprezando as apimentadas, demilinguidas e caloricas chipolatas (imagina, eu!) e resolve me mandar de volta para o Brasil. Engulo mais um pedaço de pao com pepino e um gole de cerveja quente. "Excuse moi..."
De volta em casa, meu estomago se recusa a digerir a mistura de carne de porco, pimenta e muita gordura do churrasco frances. Durante toda a madrugada, temos longas conversas e travamos um acordo para que ele aceite o nobre alimento. Ao meu lado, o estomago do Florent tambem relembra os quase dois anos de Brasil. E admite, mesmo que isso renegue suas raizes: parece que nao sou soh eu que sente falta de uma boa picanha.
4 Comments:
At 8:10 AM, Unknown said…
tadinha! mas e as outras comidinhas? dá para "encarar", né?!! ratatouille? quiche?
At 10:56 AM, RodOgrO said…
Quando em Roma... Vc fez certíssimo, morena: vc fez o que qualquer francês faria em outro país! Valorizar sua terra menosprezando a dos outros! Eles são experts nisso!
Se bem que, depois dessa, fiquei surpreso dele não sugerir - com toda a finesse francesa - outro uso pra vc fazer com a lingüiça...
At 9:34 PM, Unknown said…
tudo bem. pode deixar que eu levo uma vida carnívora aqui por ti.
At 1:02 PM, Anônimo said…
Me passa essa dieta de fakir que tu fazendo. Preciso emagrecer 20 kilos até outubro.
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