Três meses
O que mais me perturba em relação à morte é a sensação de impotência em relação à ela. Não há nada que possamos fazer contra, nem a favor. Tudo o que posso concluir é que é uma situação definitiva, sem volta, sem a menor ou qualquer chance de. Também não há a mínima previsão para ela. Posso morrer agora, nesse exato momento de sei lá o quê e sei lá como. Ou não.
Meu avô era diabético, sofreu vários infartos e passou a vida na folia, não dando a mínima para as doenças e para a velhice, se enchendo de comida e bebida quando bem entendia, varando as madrugadas nos bailões do interior de Santa Catarina. Morreu quase aos 80, quando ele mesmo já reclamava da ausência dos amigos e já não sabia mais o que fazer da vida. Meu tio, filho desse mesmo avô, morreu em um acidente de carro ridículo, fulminante, com menos de quarenta anos, com dois filhos adolescentes para criar, uma esposa jovem, uma grande oportunidade de emprego recém-aceita, e uma vida inteira que deveria ter pela frente.
Hoje faz três meses que meu pai faleceu de um câncer diagnosticado algumas semanas antes de sua morte, um mês depois de uma bateria de exames de rotina que apontaram que tudo estava bem. Nem ele mesmo teve tempo de ficar sabendo o que acontecia. E, antes que até os médicos pudessem prever, ele morreu. Tudo isso me parece assustador, aterrorizante. Acordo todos os dias ainda me perguntando se tudo isso é verdade. Então, perdoem-me se vocês forem vítimas dos meus escândalos, das minhas preocupações extremas, se ligo para meio mundo para saber se a minha prima de São Paulo conseguiu chegar em casa, ou se perturbo os amigos do meu irmão no MSN porque cheguei pela manhã e não o encontrei online, ou se um simples telefonema não atendido se transforme em uma catástrofe...
Logo no começo, me disseram que ia passar, que a gente se acostuma com a dor. Não é verdade. Para mim, todo o sofrimento, todo o choro e o vazio enorme se transformaram em noites de insônia, em pensamentos sufocados, em lembranças doloridas, em intermináveis conversas silenciosas que se repetem e se repetem e se repetem a todo momento e a qualquer instante: puro desespero. A questão toda é que cada vez mais tenho a certeza de que não vou aprender a conviver com isso.
Meu avô era diabético, sofreu vários infartos e passou a vida na folia, não dando a mínima para as doenças e para a velhice, se enchendo de comida e bebida quando bem entendia, varando as madrugadas nos bailões do interior de Santa Catarina. Morreu quase aos 80, quando ele mesmo já reclamava da ausência dos amigos e já não sabia mais o que fazer da vida. Meu tio, filho desse mesmo avô, morreu em um acidente de carro ridículo, fulminante, com menos de quarenta anos, com dois filhos adolescentes para criar, uma esposa jovem, uma grande oportunidade de emprego recém-aceita, e uma vida inteira que deveria ter pela frente.
Hoje faz três meses que meu pai faleceu de um câncer diagnosticado algumas semanas antes de sua morte, um mês depois de uma bateria de exames de rotina que apontaram que tudo estava bem. Nem ele mesmo teve tempo de ficar sabendo o que acontecia. E, antes que até os médicos pudessem prever, ele morreu. Tudo isso me parece assustador, aterrorizante. Acordo todos os dias ainda me perguntando se tudo isso é verdade. Então, perdoem-me se vocês forem vítimas dos meus escândalos, das minhas preocupações extremas, se ligo para meio mundo para saber se a minha prima de São Paulo conseguiu chegar em casa, ou se perturbo os amigos do meu irmão no MSN porque cheguei pela manhã e não o encontrei online, ou se um simples telefonema não atendido se transforme em uma catástrofe...
Logo no começo, me disseram que ia passar, que a gente se acostuma com a dor. Não é verdade. Para mim, todo o sofrimento, todo o choro e o vazio enorme se transformaram em noites de insônia, em pensamentos sufocados, em lembranças doloridas, em intermináveis conversas silenciosas que se repetem e se repetem e se repetem a todo momento e a qualquer instante: puro desespero. A questão toda é que cada vez mais tenho a certeza de que não vou aprender a conviver com isso.
6 Comments:
At 2:06 PM, RodOgrO said…
Concordo! Realmente não se acostuma ou aprende a conviver com esse sofrimento, Dany. Quem diz isso nunca o sentiu. Acho que o que acontece é que, com o tempo, a gente aceita.
At 2:15 PM, RodOgrO said…
"Agora me deixem tranqüilo.
Agora se acostumem sem mim.
Eu vou cerrar os meus olhos. (...)
Agora, se querem, podem ir.
Vivi tanto que um dia
terão que por força me esquecer,
apagando-me do quadro-negro:
meu coração foi interminável.
Porém porque peço silêncio
não creiam que vou morrer:
passa comigo o contrário:
sucede que vou viver.
Sucede que sou e que sigo.
Não será, pois lá bem dentro
de mim crescerão cereais,
primeiro os grãos que rompem
a terra para ver a luz,
porém a mãe terra é escura:
e dentro de mim sou escuro: (...)
Nunca me senti tão sonoro,
nunca tive tantos beijos.
Agora, como sempre, é cedo.
Voa a luz com suas abelhas.
Me deixem só com o dia.
Peço licença para nascer."
At 2:53 PM, Anônimo said…
Depois melhora
Sempre que alguém daqui vai embora
Dói bastante mais depois melhora e com o tempo
Vira um sentimento que nem sempre aflora mas que fica na memória
Depois vira um sofrimento que corrói tudo por dentro
Que penetra no organismo, que devora
Mas depois também melhora
Sempre que alguém daqui vai embora
Dói bastante mais depois melhora e com o tempo
Torna-se um tormento que castiga e deteriora
Feito ave predatória, depois vira um instrumento de martírio virulento
Uma queda no abismo que apavora
Mas depois também melhora
Fica uma força inexplicável
Que deixa todo mundo mais amável
Um pouco é conseqüência da saudade
Um pouco é que voltou a felicidade
Um pouco é que também já era hora
Um pouco é pra ninguém mais ir embora
Vira uma esperança
Cresce de um jeito que a gente até balança
Ás vezes dói bastante mais melhora
Assim é só felicidade aqui, agora
É bom não falar muito que piora
É só felicidade
At 5:50 PM, Dany Darko said…
Acho que esse post acabou virando um web sarau... hahahahaha! Só vocês mesmo...
At 4:31 PM, Anônimo said…
não sei se sou chorona d+ ...
mais essa palavras mexeram muito comigo!
Não deve ser fácil mesmo...
Eu graças a Deus tenho meus pais
ainda junto a mim...
mas as vezes paro para pensar que
não é para vida inteira... que um
dia não vou ter mais eles do meu lado.. já me bate um desespero!
Não vou falar que tudo isso vai passar.. pq como você mesma disse :
"Logo no começo, me disseram que ia passar, que a gente se acostuma com a dor. Não é verdade. Para mim, todo o sofrimento, todo o choro e o vazio enorme se transformaram em noites de insônia, em pensamentos sufocados, em lembranças doloridas, em intermináveis conversas silenciosas que se repetem e se repetem e se repetem a todo momento e a qualquer instante: puro desespero." ...
Ficaria e vou ficar do mesmo jeito
quando acontecer comigo!
Então te desejo toda força do mundo...
Mesmo não te conhecendo muito quando precisar conversar ou algo do tipo... pode contar comigo!
beijão Dany!
At 1:58 PM, Anônimo said…
to passando aqui aqui pra dizer OI e perguntar COMO ESTAS?!
nos estamos bem por aqui... trabalhamos muuuuito mesmo e folheamos guias de viagem. esses dias tava tentando me lembrar do que ocupava minha memoria ram antes de me mudar. a reciclagem e total - as vezes assustadora pra mim. tente fazer coisas diferentes. MEU BEIJO, OK?
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