Ma vie en rose

De frente, de lado, de costas. En France.


quarta-feira, julho 12, 2006

Voyeur

Levanta devagar, acende um cigarro, traga, senta. Olhar fixo no nada, despeja lentamente a fumaça no ar. Apóia o cotovelo no joelho, leva o cigarro até a boca. Inspira, expira. Me pergunta alguma coisa que eu não ouço, nem quero ouvir – não faço a menor questão. Sorri: “Tem certeza?”. Claro que eu não tenho, nem sei do que se trata. Faço que sim com a cabeça.
Coloca as cinzas em um recipiente improvisado (não tenho cinzeiro em casa). Repete a cena. Cigarro, boca, inspira, expira. Várias vezes. Com os olhos, sigo seus movimentos, leves, lentos. As formas rígidas, brancas, que quase nada se alteram com a entrada e a saída do ar dos pulmões. Perfeito.
Não sei quem és. Por que e para que apareceste? Talvez nem sejas de verdade, mas mais uma daquelas criaturas imaginárias que cultivo desde a infância. Inatingível, inalcançável. E também já não me importo com isto. “What difference does it make?”, canta Morrissey. Porque neste momento tudo o que quero é saber tua presença, real ou não. Te admirar e...

“Yo te prefiero fuera de foco
Inalcanzable
Yo te prefiero irreversible
Casi intocable”
(Persiana Americana – Soda Stereo)

1 Comments:

  • At 4:50 PM, Blogger RodOgrO said…

    Acho que essa fumaça branca não está te fazendo muito bem... consigo imaginar da onde ela veio! ;)

    Bjos!!!

     

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