Ma vie en rose

De frente, de lado, de costas. En France.


quarta-feira, fevereiro 25, 2009

Boring

Quarta-feira de cinzas é dia de descanso, meditação e de desintoxicação da alma. Então passa no Em busca do phino pra conhecer The Pierces, uma banda que está tão cansada de clichês como a gente, e relaxa.

Uma palhinha, aqui:

terça-feira, fevereiro 17, 2009

Meu cabelo duro é assim...

Eu contava para o meu irmão que, aqui na França, as pessoas têm a tendência de me tirar para polenta:

- E aí que quando olham meu nome e sobrenome, todo mundo já vai se referindo a mim como italiana.

E ele:

- Capaz! Com esses cabelos? E quando eles olham para a tua juba, eles pensam que tu és o quê?

quinta-feira, fevereiro 12, 2009

O que é isso, companheiro?

Grande parte das universidades francesas estão se mobilizando para uma greve sem previsão nenhuma de término, uma das mais graves e com mais adesões desde Maio de 1968, segundo aposta-se por aqui.

Os professores e estudantes (sim, pasmem, os estudantes também promovem greve e bloqueiam as universidades aqui) têm uma série de reivindicações que quase ninguém está por dentro, há não ser os líderes do movimento grevista. Mas, resumidamente, reclama-se do que eles chamam aqui de "masterização" dos estudos, ou seja, a universidade está cada vez mais voltada para a profissionalização e menos para a pesquisa. Os estudantes saem da faculdade, mas precisam finalizar os estudos com os mestrados profissionais, caso contrário, não conseguem emprego. Além disso, os professores são mal pagos e os alunos se sentem prejudicados pela reforma universitária que o Sarkozy quer instituir, o que extinguiria certos setores que o governo considera desnecessário, limitaria o número de bolsas de estudo e projetos voltados para a pesquisa, e mudaria, de certa forma, foco das universidades já que a intenção do governo é guiar o aluno para o mercado de trabalho.

Há quase um mês, o setor universitário e científico se mobiliza, promove congressos e realiza manifestações. Há duas semanas, não temos mais aulas "formais", com o conteúdo previsto para o semestre. Os professores aproveitam do horário da grade curricular para conversar com os estudantes sobre a greve, para explicar os verdadeiros motivos e para tentar nos engajar no movimento grevista. Achei bem proveitoso e justo esse diálogo aberto com os alunos, as exposições sobre o contexto histórico e a explicitação das razões de paralisação. Antes sermos informados de toda a movimentação e sermos chamados a participar, do que chegar na universidade e dar de cara com as portas fechadas – situação que eu já vivenciei tanto no Brasil como aqui na França.

Em uma das aulas, os estudantes do movimento pediram a palavra e discursaram quase uma hora sobre seus interesses, pedindo a nossa participação para os eventos das próximas semanas. E eles já estavam até me convencendo da minha responsabilidade, como estudante, de apoiar a paralisação. Porque, embora eu não me sinta completamente integrada à sociedade francesa, e nem tenha as mesmas obrigações de um cidadão francês, eu tenho noção da posição que eu ocupo, que nada tem a ver com nacionalidade ou origem, mas com consciência. E eu estava disposta, sim, a ir aos debates e representar minha unidade.

Mas fiquei surpresa com a maneira como foi tratada uma estudante que opinou que achava injusto que os professores bloqueassem nossas notas do primeiro semestre como forma de pressionar o governo. Muitos alunos dependem de seu desempenho para continuarem seus estudos em outros países ou mesmo fazer estágios aqui na França. Uma das professoras respondeu de maneira extremamente impositiva e antipática e deixou bem claro que os insatisfeitos que se resolvam. Logo depois, outra estudante disse que se preocupava com o prejuízo dos conteúdos, que não serão completamente recuperados, logo após o fim da greve. Um dos estudantes militantes se alterou e respondeu que era muito egoísta que a garota continuasse pensando em aulas diante de tudo o que estava acontecendo, e que se ela estivesse tão preocupada com o cumprimento do programa, que fosse estudar sozinha.

Ao que me parece, cada um está voltado para seu próprio umbigo e ninguém consegue enxergar além de seus próprios interesses, pensando somente naquilo que lhe convém. Ou seja, os estudantes são bem-vindos para participar da greve, mas não podem reivindicar seu direito mais básico, que são seus estudos. É obvio que existe a preocupação com o conteúdo; e se fosse para estudar por conta, seria muito mais cômodo extinguir todas as universidades que cada um faria sua parte sentado no seu sofá, em casa.

O que mais me irrita no militantismo, seja aqui na França, no Brasil ou em qualquer outra parte do mundo, é o fanatismo como os integrantes de movimentos enxergam as coisas, acreditando que as únicas soluções, que não coincidentemente são as encontradas por eles, devem ser ditatorialmente impostas. Eles não se dão conta que, agindo desta forma, eles caem no mesmo erro de abuso de poder e injustiça praticados por aqueles aos quais criticam. E aí direita, esquerda, prós e contras, governo e manifestantes, vão todos para o mesmo saco. Que saco!

Diante de tudo isso, resolvi me abster já que eu não sinto que eu tenha responsabilidade nenhuma com esse tipo de movimento, com esse tipo de gente, com esse tipo de atitude desdenhosa. Sou contra, sim, às medidas do Sarkozy de limitar a pesquisa e de focar os estudos ao mercado de trabalho: puro desperdício de todo um histórico, potencial, consciência e predisposição que os estudantes e professores têm para a pesquisa aqui. É evidente que um país nao segue em frente sem a manutenção da sabedoria e a evolução de seus pesquisadores. Mas diante de uma disparidade como essa que relatei, resolvi seguir a sugestão do "companheiro" e ficar em casa, estudando por conta própria.

quarta-feira, fevereiro 11, 2009

Não bate forte o tambor

Bateu aquela vontade de torcer pelo Brasil-il-il, pular o alambrado e invadir o campo? Calma, vai passar. Senta, respira fundo e toma uma taça de crémant. Quando o calor do momento tiver diminuído, lê o Em busca do phino de hoje, que a gente te dá todas as dicas de torcer pelo seu país ou time. Sem o Olodum.


Brasileira invadiu o campo e abraçou Kaká, em Londres, no ano passado

sexta-feira, fevereiro 06, 2009

Petit-gateau no bistrot

Um amigo comentou que, a exemplo da febre dos restaurantes orientais pela Europa (por aqui, tem pelo menos um chinês/japonês/vietnamita a cada quarteirão), na China, o fenômeno é o mesmo, às inversas. Ou seja, comum é encontrar restaurantes europeus everywhere.

E daí que eu lembrei que, em Porto Alegre, o must das rodinhas pseudo-intelectuais do meu meio jornalístico, era frequentar (não tem mais trema, né?) os glamourosos bistrots da Europa portalegrense: o bairro Moinhos de Vento, um grande exemplo prático da cultura européia brasileira. Mas, engana-se quem pensa que vai apreciar a culinária francesa nesses lugares. O nome nada mais é do que um indicativo do status desses recintos, pra dizer "olha como somos schiques", como em tudo ao que o brasileiro resolve nomear na língua francesa, para dar aquele up nas aparências em vista da banalidade dos conteúdos. E esse tipo de atitude, na minha opinião, é um índice de breguice e falta de informação.

Mas o que lá no Novo Mundo é hype, aqui, c'est normal. Na França, um bistrot é o que tem de mais básico em matéria de restaurante. É aquele lugar feijão-arroz-bife-batata frita, sem luxos ou frescuras, de preço acessível e culinária simples. E, ah, onde você não vai encontrar o petit-gateau que pedia com tanto orgulho de estar apreciando um doce típico francês. Nem nos bistrots, nem em nenhum lugar da França. Afinal, petit-gateau nada mais é do que outra invenção pseudo-chique da cultura européia brasileira. Petit-gateau francês, só mesmo no Brésil.