Estava aqui pensando que é fácil fazer o retrato de um povo só observando seu comportamento durante as Olimpíadas. Mas é claro que eu não vou fazer porque não sou socióloga, nem antropóloga, e o Jornalismo me dá créditos suficientes pra eu escrever o que eu bem quero sem ter propriedade nenhuma. Então vamos zoar... de quem mesmo?
Os franceses diante dos jogos não são nem um pouco diferentes dos franceses do cotidiano. Para começar, eles acham que os atletas têm a obrigação absoluta de trazer medalhas de ouro e nada além de medalhas de ouro. E ficam desdenhando os bronzes e as pratas que ganham. Porque ouro é coisa de gente schique, ou phina, como diria meu amigo
Rafabal.
Se o atleta perde na final, ele não é o segundo melhor, ele é
le fiasco. E ainda paga a pena de ser perseguido pelos jornalistas franceses para explicar o porque de ter ganho a prata ou bronze. E os técnicos morrendo de vergonha por não terem alcançado o lugar mais alto do pódio: "Não sabemos o que dizer porque não temos justificativa para essa derrota".
Na televisão, nos jornais, na internet, não se fala de outra coisa além do fracasso da França nas Olimpíadas – vergonha nacional por conta da meia dúzia de pratas e bronzes nessa primeira semana de jogos. Aqui é oito ou oitenta, não tem meio-termo. Neguinho perdeu, vai pra guilhotina.
Felizmente os pescoços foram salvos entre hoje e ontem quando eles abocanharam dois ouros. Ganhar dois ouros em um dia só é schique. Mas não me perguntem no que, estou pouco me lixando, mais me interesso pelo teatro dos bastidores do que pelas competições em si. Além de eu achar Olimpíadas
so last week, penso que é perda de tempo ficar acompanhando transmissões que a gente nem sabe se são reais. Vai que é tudo montagem do governo chinês pra ficar mais bonito na televisão.
O mais divertido é que lá na terra das bananas, onde fazemos uma propaganda forçadíssima de todos os nossos atletas e temos um narrador do inferno pra ficar gritando "vai, Brasil!" de dois em dois segundos e repetindo que "o importante é competir" a cada 15º lugar que a gente leva, temos quatro bronzes. Mas estou acompanhando só pra rir as estripolias dos nossos atrapalhados atletas verde-amarelos. A equipe feminina de ginástica olímpica é um prato cheio. Faz 47 anos que são as mesmas gurias a cair de de pernas abertas e de bunda no chão, a dançar o "Brasileirinho" (de novo?) na prova solo e a abrir o bocão e chorar na frente de todo o mundo o desgosto da derrota, como se ela fosse novidade. Fotos de Jade se esgoelando toda melecada estão em vários sites de notícias – que vergonha minha gente! E não era tão bom ficar com o 15º lugar? Medalha de papel pra vocês!
Pior é que quando voltarem para casa, todos enrolados na bandeira do Brasil, ainda vão aparecer no Fantástico para explicar o quanto eles são coitadinhos e ainda desfilarão em carro de bombeiro. Cá entre nós: coisa de pobre!
Saudades mesmo era da época em que eu via os jogos com o meu pai. A gente torcia muito, muito mesmo. Pela Argentina.
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Vendo competição de esgrima:
- Acabou a competição e os dois ficaram vivos. Gente sem graça!
- Ahn? Do que tu estas falando?
- Que se eu estivesse disputando esgrima eu ia querer matar meu adversário com um golpe final. Não tem graça deixar o perdedor viver.
- Tu tá louca, Dany?
- Se bem que se eu perdesse eu ia ficar com tanta raiva que eu ia mesmo era bater no adversário. Tipo no judô. Quem perde, poderia dar um chute no outro. Pra compensar, entendeste?
- Eu acho é que tu não entende nada de jogos...
- Olha esse cara esse francês aí da canoagem. Como ele ficou em segundo lugar, ele poderia dar uma remada na cabeça do primeiro. Mas a mulher do segundo estava lá olhando. Então, o cara que ganhou o ouro devia ficar com a mulher do prata.
- (me olha com cara de incrédulo)
- É por isso que nunca fiz esporte nenhum na vida. Não tem emoção nenhuma!
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By the way... Sueco se irrita com juízes, atira medalha e abandona luta greco-romana, na
Folha Online. Esse é dos meus!