Ma vie en rose

De frente, de lado, de costas. En France.


domingo, junho 29, 2008

Simon's cat

Sexta-feira fomos ao Narkolepsy International Shortfilm Festival, ao ar livre, no Musée de Grenoble. O ambiente me lembrou um pouco a atmosfera alternativo-underground de Porto Alegre (e me encheu de saudades de lá!). Para dar um gostinho do festival, posto um dos curtas mais aplaudidos pelos grenoblois (que ironicamente é da autoria de um inglês, Simon Tofield... ehehehehehe!).


sexta-feira, junho 27, 2008

Ce que j'aime chez Daniela

Como se já não bastassem todas as situações constrangedoras que eu passo por conta da minha estrangeirice, toda vez que me apresento ou sou apresentada para alguém aqui, tenho que ouvir que existe uma chanson française com o meu nome. E aí que a pessoa se mete a cantar: "Daniela, la la la la la la la laaaaa" enquanto eu torço para que caia um meteoro na cabeça da criatura. O espetáculo vem acompanhado de duas perguntas:

- Você conhece essa música?
- Você sabe do que ela fala?

Mas será que ninguém se dá conta que eu tenho que ouvir o mesmo papo várias vezes durante a semana? Ô meu saco! E ainda tive que aturar um bando de bêbados, cantando em coro para mim, durante uma hell whole night.

Para os inteirar dessa nada agradável e repetida situação, Daniela la la la la la la la laaaaa conta a história de uma moça muito benevolente que concede a graça do prazer sexual para quem bem quiser e vier. Resumidamente, uma vagaba. Muito apropriado para um brasileira, não é?

Voilà a letra e a tradução:

Moi, ce que j'aime, chez Daniela,
(O que eu gosto na Daniela)
C'est que l'on peut y mettre les doigts
(Eh que a gente pode meter os dedos nela)
Elle est toujours d'accord
(Ela sempre concorda)
Pour me prêter son corps
(Em me emprestar o seu corpo)

Moi, ce que j'aime, chez Daniela,
(O que eu gosto na Daniela)
C'est que l'on peut s'y mettre à trois
(Eh que a gente pode ficar à três)
Elle est toujours d'accord
(Ela sempre concorda)
Pour battre des records
(Em bater recordes)

Daniela, la la la la la la la laaaaa
Oh Daniela (la la la la la la laaa)
Oh Daniela (la la la la la la laaa)
Oh Daniela (la la la la la la laaa)
Oh Daniela

Ce que Daniela aime en moi
(O que Daniela gosta em mim)
C'est qu'elle aura toujours le choix
(Eh que ela sempre vai ter a escolha)
Je ferai tout pour lui plaire
(Eu farei tudo para dar prazer a ela)
Par devant et par derrière
(Pela frente e por trás)

Et dans la bouche de Daniela
(E na boca de Daniela)
Et dans la bouche de Danielaaaa…
(E na boca de Daniela)
Il y a toujours de la place
(Tem sempre lugar)
Pour les copains qui passent
(Para os amigos que passam)

Ouh ouh ouh ouhhh
Daniela, la la la la la la la laaaaa
Oh Daniela (la la la la la la laaa)
Oh Daniela (la la la la la la laaa)
Oh Daniela (la la la la la la laaa)
Oh Daniela

No Brasil, era o funk "Daniele, quem nunca viu!" que cantavam pra mim. Sem falar do "E o nome dela é Daniela", do Biquini Cavadão (quanta breguice, meu Zeus!). Será que todo o lugar que eu for vai ter uma Daniela(e) pra me atrapalhar a vida e me tirar a paciência? É karma!

segunda-feira, junho 23, 2008

A rosa sem o príncipe

Não tenho dormido por conta de um sapato, ou melhor, de uma Melissa, que aterroriza meu sono. Eis que, na semana passada, fuxicando entre sites de meninas, encontro uma galeria de sapatos fofíssimos. Eu sou tarada por sapatos, mas confesso que a relação euro X real nao me anima nem um pouco a fazer compras na França (que tem um dos custos de vida mais altos da Europa). Essas diferenças produziram uma reação anti-consumista nos últimos tempos. E, por conta dessa nova fase, pensei que eu seria forte o suficiente para resistir à tentação.
Não fui. O nome da diaba: Melissa Night Pequeno Príncipe. Ela aparece freqüentemente nos meus pesadelos, ou melhor, ela não aparece. Porque, durante os meus delírios noturnos, eu a procuro, sem sucesso, em todas as lojas de Grenoble - situação que vivi na sexta-feira, quando consegui achar Melissas de estações passadas pelo triplo do preço no Brasil.
Moça inteligente que sou (insana e desesperada também) achei a sapatilha no site da marca. Sim, eles vendem o produto pela internet!!!! Não, eles não entregam na Europa...
O Florent me disse pra eu me aquietar, que a vida é assim mesmo, difícil, injusta. E eu tenho passado dias azedos, murcha que nem a rosa que ficou esperando, em vão, que o Pequeno Príncipe voltasse para o planeta dos três vulcões.

Mon Dieu, que post bobo! Mas se alguém resolver se comover com o drama patético desta sapatófila (ô manhêêêêêêê!!!), eis o motivo da minha (atual) insanidade:





Ai, ai, quantas saudades do Brasil, onde as Melissas eram tão reais e acessíveis!

quinta-feira, junho 19, 2008

La vie en rose

Um dia*, meu amigo Rafa me mostrou uma das criações do Iturrusgarai, e disse que sempre que lia o La vie en rose, ele lembrava de mim, pelas situações pessimistas, melodramáticas e tragicômicas - tudo que sou e admito, mesmo sem precisar de terapia.
Desde então, comecei a acompanhar a tirinha e a desconfiar seriamente que mera semelhança não podia ser tanta coincidência assim (parei até de ler horóscopo!). Mas, essa semana, depois de passar no Blog do Iturrusgarai, tive a certeza absoluta que ele me rastreia aqui na França via satélite.






Quel fucking hell mood de mèrde
! Será que é só comigo?

*Mais precisamente em 12/08/05

terça-feira, junho 17, 2008

Mi casa no es su casa

Debaixo de uma chuva torrencial, cheguei em frente à associação que faz as traduções juramentadas que, de quando em vez, eu preciso. Com fome, mal-humorada e molhada, me deparei com a entidade fechada e um aviso que eles reabririam em meia hora. “Meia hora eu posso esperar aqui bem quietinha em baixo desse toldo”, pensei me encolhendo em um cantinho enquanto algo dizia “vai pra casa e volta depois”. Mas, bicho teimoso, resolvi ficar. Porque nessas situações eu sempre penso: “Sou macha, posso agüentar”. Posso agüentar tomar meia hora de chuva na lata, sem ter comido nada até aquela hora e com o saco cheio batendo todos os recordes, depois da quarta semana consecutiva de chuva.
A alguns metros de mim, avistei um cara que, pela pinta de estrangeiro, também devia aguardar o horário de reabertura. Ele me olhou e eu fiz que nem percebi. Pensei: "fica aí bem na tua e faz de conta que eu não existo".

E então que meu desejo não foi realizado e a criatura resolveu se aproximar e puxar assunto. Em francês.

- Você sabe a que horas abre a associação? (e tipo, um cartaz enorme na porta informava os horários de funcionamento).
- Em quinze minutos – clara, educada e sintética. Bastou, né? Não, ele continuou as tentativas de conversa:
- Eu moro longe, não posso esperar muito tempo.

Tipassim, e eu com isso. Amazônia sendo desmatada. O petróleo acabando. O Brasil dando fiasco nas Eliminatórias da Copa do Mundo. Tenho muitos problemas também. E vê se eu fui reclamar com ele.

Mudou de assunto:
- Você viu que tem outra entrada? Eh ao lado, você tentou entrar por ali?

Mas, ah, meu saco, hein! Não adiantou nem fazer cara de antipática.

- Não tentei porque na verdade preciso pegar um documento com a recepcionista, aqui mesmo nessa porta.
- Documento de moradia?
- Não, de tradução.
- Porque que eu preciso de um documento de moradia.

Faço cara de não sei e não quero saber. Mas ele queria:

- Você é romena?
- Não, brasileira.
- Brasileira? (toda vez que eu digo que sou brasileira, é batata: o interlocutor SEMPRE repete a afirmação, sei lá porque whatahell).
- Eu sou angolano – me diz, agora em português, mas, de novo, sem eu perguntar nada. E continua:
- Você é casada?
- Não, mas tenho namorado e moro com ele. (dizer que eu tenho namorado e que eu moro com ele é sempre uma boa estratégia pra afastar os cara de pau)
- Porque eu sou sozinho. Não tenho mulher, não tenho filhos. Sou muito sozinho.

E nem eu tenho mulher e filhos! E ele continua:

- Você trabalha?
- Não, estudo.
- Por que você não trabalha?
- Porque não tenho a carte de séjour, não posso trabalhar legalmente.
- Mas entao por que você não engravida? Engravida que isso vai te dar o direito de ganhar a carte de séjour, vai poder ficar aqui e vai poder trabalhar.

Ok, me respondam se pode piorar.

- Você me passa seu número de celular? - ele acabara de me ver consultando a hora no telefone.

E a criatura chegou em um ponto que eu NUNCA consigo me desvencilhar. Por que os homens têm a ousadia de me perguntar isso mesmo quando eles percebem que eu quero mandá-los para o piiiiiiiiii e eu, uma macha, não tenho a coragem de dizer não? Par contre, como sou muito espertinha, pensei: se eu anotar o celular dele primeiro eu digo que vou ligar pra ele e zé fini. Cierto? Oh-oh, não cierto.

- Deixa que eu anoto o teu número. Qual é? Ok, anotado. (Ufa!)
- Agora você me passa o seu número.
- Mas eu já anotei o teu, deixa que eu te ligo - eu minto.
- Não, quero o seu também. Me passa!

Ai, né? Não restou saída e, no tom que ele me falou, tive um pouco de medo, e uma pontinha de esperança que tudo acabasse ali.

NOT.

- Eu vou ligar pra você no sábado, você me busca na estação de trem e você me convida pra ir até a sua casa - ele ordena.

Ai, meu Zeus.

- Sabe o que é? Sábado eu vou estar viajando COM O MEU NAMORADO, não posso.
- Então eu ligo na quarta-feira que vem, você me busca na estação e vamos até a sua casa, resolvido.
- Olha, eu não posso fazer isso. Eu estudo muito a semana inteira, meu tempo é todo cheio, e MORO COM MEU NAMORADO, não sei se ele vai estar de acordo com isso.
- Ele mora no mesmo lugar que você?
- Sim.
- E ele é francês?
- Sim.
- Então por que ele não faz um filho com você pra você poder ficar?
- Porque, sabe, eu vou voltar para o Brasil logo, eu quero ir embora, não vou mais ficar aqui, eu não gosto daqui. Aliás, se você me ligar e eu não atender, é porque voltei para o Brasil, ok? E se eu for para o Brasil é porque nunca mais volto na França, já decidi.
- Não volta para o Brasil, não! Não faz essa besteira! Fica aqui e faz um filho, pensa nisso.

Eu já estava a ponto de sair correndo e me esconder em algum canto. Mas, nesse momento, a porta da associação se abre e me chamam para eu ser atendida. Ufa, né? Penso que paguei minha parcela diária de pecados. Raté! Dez minutos depois, quando eu saio da sala onde eu estava, a criatura me esperava:

- Não esquece que eu vou ligar pra você. Não tem problema se você for viajar, eu ligo sempre até você voltar. Aí vamos nos encontrar e eu vou na sua casa.

Ai, Zeus, me castiga mais, vai!

quarta-feira, junho 11, 2008

Lapada na Rachida

O fato que vem sacudindo a França há umas três semanas é a anulação de um casamento por falta de virgindade da noiva. Isso mesmo, o tiozão descobriu na noite de núpcias que não havia se casado com uma donzela e resolveu apelar à Justiça. Pasmem, em um país que defende tanto os direitos humanos como a França, a legislação ainda apóia esse tipo de decisão baseando-se não no fato "moral", mas no descumprimento de contrato, "pour erreur sur les qualités essentielles", como alegou o tribunal de Lille, onde o caso se passou. E enquanto a opinião publica está queimando os sutiãs por conta da barbaridade, ainda me surge essa criatura: Rachida Dati, que é ministra da Justiça, mulher, e tao muçulmana quanto à vitima da anulação do casamento, para dizer que está "d'accord" com a decisão do tribunal.
Ah, ma vá, né! Ela devia era estar no Ministério da Injustiça para fazer jus a seus atos e declaracões. E de duas, uma: ou a ministra ainda é virge ou a rachada da Rachida anda meio fora de atividade...

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