Ma vie en rose

De frente, de lado, de costas. En France.


sexta-feira, fevereiro 22, 2008

Snow(bunda)boarding


Entao que ainda é inverno aqui e parece que a maior diversao aos finais de semana é subir os Alpes para esquiar. Mas como toda brasileira sem noçao, resolvi arriscar o snowboarding, mesmo depois de varios avisos que o esqui seria a melhor opçao para uma iniciante como eu. Imagina que excesso de menosprezo me classificar como uma iniciante! Eu, a precursora do skate feminino de Tubarao, que em 1988 descia as ladeiras em cima da prancha rolante de rodinhas verde fluorescente, de capacete e joelheiras com desenhos chiquérrimos de caveiras antes mesmo do Herchcovitch as solidificar como simbolo (e que desistiu desse nobre esporte depois de quase quebrar a cabeça em uma lomba de paralelepipedos - mas essa é uma historia à parte). Que esqui que nada! - eu rejeitava os conselhos olhando toda a França deslizar pelas montanhas sem a menor dificuldade. Se eles podem, eu sou campea nisso!
Ahan. A primeira dificuldade apareceu ao calçar as botas do snowboarding que, segundo minhas impressoes, também podem ser usadas em uma viagem espacial. Eu me sentia em câmera lenta e sem quase nenhuma possibilidade de locomoçao, que ficou ainda pior quando eu tive que levar o meu proprio snowboard caminhando dentro daquelas botas, que ficou ainda pior quando eu tive que fazer isso com os pés escorregando na neve, que ficou ainda pior quando eu tive que subir a metade de uma montanha para ser encaminhada por uma esteira rolante até a pista verde - iniciante. E pode piorar?
Pode. Depois, prender os pés com os calçados espaciais na prancha, sentada. E levantar sem mexer as pernas, como? Meu corpo tinha criado raizes na neve, minha bunda jamais deixaria o gelo nao fosse a ajuda de um amigo paciente que me puxou pelos braços e de quem eu nao queria mais me separar, nunca mais. Mas ele disse: "Dany, tu vais ter que me soltar um dia. A gente nao vai ficar aqui abraçado pra sempre". Que pena. Nem deu tempo para nos despedirmos e eu jah começava a protagonizar as mais patéticas cenas de queda da historia da estaçao de Chamrousse.
Mas com um pouquinho (pouquinho?!!!) de paciência e devoçao aos meus 20 anos de carreira de esportista radical, conseguia, por vezes ficar em pé no treco e descer descontroladamente a perigosa pista verde das criancinhas de 3 anos de idade que aprendem a esquiar sozinhas. Socorro, quero ir embora daqui! Quero aprender nado sincronizado, paraquedismo, a tocar percurssao com os pés, qualquer coisa menos isso. O Florent tentou me explicar varias vezes como parar a prancha, equilibrando o corpo enquanto o snowboarding tivesse ligeiramente inclinado para tras. Ahn? Eu descobri uma maneira muito mais facil de dominar a prancha: me atirar no chao, me protegendo com os braços (o que me rendeu certas imobilizaçoes por quase uma semana).
Depois de algumas horas de tentativa, joelhos quebrados, bunda dolorida, braços que nao obedeciam mais meus comandos, fui terminar meu dia bebendo um alcoolico pastis no café da estaçao. Uffff! Pronto, estah finalizada a minha carreira de skatesnowbundaboardista. Agora sim estou pronta para esquiar.

quinta-feira, fevereiro 07, 2008

É hora, vamos embora!


Depois de um mês e onze dias, encontros e desencontros burocráticos, uma entrevista no Consulado da França, várias taxas pagas, todo o apoio da família, uma requisição de visto, um torrão na praia e um dia de Carnaval, chegou a hora de voltar.
À família e aos amigos, obrigadíssima por toda a força, o carinho, as saudades, as capirinhas, os telefonemas, os emails, as boas risadas, as ótimas companhias, as festinhas, os funks no Carnaval com a Maricota, e sobretudo, toda a paciência da mamma e do meu "ermão" Fê que aceitaram com toda a paciência possível, por seis semanas consecutivas, esta deportada (agora exilada) metida à francesa virando a vida deles de cabeça para baixo.

O Sweetness volta à França por tempo indeterminado, ou, como diz meu passaporte, por XXXX jours.