Borboleta é pétala que voa
Ela chegou sorrindo, como se fosse a amiga mais íntima, e segurou as nossas mãos. Disse que somos “muito bonitinhas” e que tinha saudades dos tempos em que ela, na nossa idade (provavelmente calculou errado a minha), adorava “ficar se desenhando na frente do espelho”. Por instantes imaginei se, com a experiência retratada na totalidade dos fios de cabelos brancos ou se com aqueles óculos imensos e grossos de velhinha, conseguia saber e enxergar, por debaixo de todas as minhas roupas de proteção à neve do inverno porto-alegrense, a minha mais nova tatuagem. Mas deixei o “se desenhar na frente do espelho” para trás quando ela nos mandou aproveitar o máximo da vida: todos os momentos, todos os segundos, da melhor forma possível. Porque era o que tinha feito em todos os longos anos de sua existência. “Sejam felizes, meninas. Vocês merecem.” E foi embora, deixando o ambiente estagnado com aquela sensação de surpresa e magia.
Depois deste episódio, decidi viver muito mais. Já comecei.