Ma vie en rose

De frente, de lado, de costas. En France.


sábado, abril 30, 2005

Macondo

Vivemos por ciclos andando nos círculos de um mundo redondo. Como a Macondo de García Márquez, onde tudo se sucede em uma ordem repetidamente interminável. O que se vive hoje nada mais é que a cópia do ontem que vai ser reprisado amanhã. O tempo passa, mudam as personagens, mas as situações e as atitudes de cada um seguem sendo iguais sempre.
Diariamente acordo no dia 23 de fevereiro de 1980 e encontro as mesmas pessoas, tenho os mesmos pensamentos, me deparo com as mesmas mentiras, ouço as mesmas desculpas, sinto as mesmas dores, choro as mesmas lágrimas, e cresço os mesmos centímetros que diminuo durante a noite, para quando acordar no outro, mas no mesmo dia, crescê-los novamente.
Nesse realismo fantástico que comporta mais realidade que fantasia, multiplicam-se em novos mesmos ciclos José Arcadios, Aurelianos, Úrsulas, Amarantas, Rebecas. Porque somos todos descendentes da família Buendía. Eternamente.

"Always stays the same
nothing ever changes
English summer rain
seems to last for ages"
(english summer rain - placebo)

terça-feira, abril 26, 2005

A tes amours

Nessas duas primeiras semanas de desemprego e tédio, a atividade mais relevante dos meus dias tem sido as aulas de francês. Aliás, estudar francês faz partes das coisas sem muito porquê da minha vida. Não tenho a menor pretensão de viajar para a França, não tenho descendência francesa, e acredito que nem vá escolher o francês quando for fazer a prova de proficiência para o mestrado. E pior, concordo com todos os argumentos do Pedro Sevante, um colega fabicano, quando diz que o francês é uma língua morta. Mas o melhor argumento (para o meu convencimento) que encontrei até agora é o do Mateus: “Quando formos para a Europa, eu falarei alemão e tu, francês”. Inglês, pra quê?
A verdade é que as manhãs de terça e quinta são divertidíssimas. De “erres” carregados: “vivre, fevrier, prendre”, de palavras com bela sonoridade, embora o significado não seja lá essas coisas: “parapluie” é guarda-chuva, “porte-mine” é lapiseira, e (essa eu adoro!) “ensemble”, quer dizer junto. Tudo soa tão leve, tão doce. Imaginem que quando a pessoa espirra, nada de dizer saúde, ou deus te proteja. Os franceses dizem: “a tes amours!”. E na hora de xingar, para que melhor palavrão que “mérde”?
E embora não tenha muita admiração por essa gente que gosta de comer carne de cavalo, que tem um galo como mascote (ah, isso é bizarro!), que gasta mínimas gramas de sabonete por semana, e eu não faça a menor idéia da utilidade de decorar e cantar “bon anniversaire”, sigo estudando com afinco a língua de “les grands penseurs”. Ao menos, isso tem tornado meus dias “plus belles”.

quinta-feira, abril 21, 2005

Zero

Todos nós temos uma certa noção de limite, impulsionado pelo medo, pela precaução ou até mesmo pelo sexto sentido. Sempre que aquela luzinha se acende, avisando que a partir dali há grandes possibilidades de aniquilarmos a nossa certeza, é hora de parar e repensar a situação. Geralmente, quando isso acontece, o alerta é para recuarmos, encontrarmos um outro caminho, ou simplesmente desistirmos. Ontem, desde a hora em que acordei, eu sabia exatamente o que fazer. Antes de sair, eu ainda sentei e pensei: não vou. Mas fui tachada de fraca, de medrosa, de perdedora. Deu no que deu. Passei por uma das situações mais vergonhosas e constrangedoras da minha vida. Espero não ter ferrado com meu primeiro futuro emprego.

"You blame yourself for what you can't ignore
You blame yourself for wanting more"
(Zero - Smashing Pumpkins)

terça-feira, abril 19, 2005

Just like Special K

Hoje é o dia do meu melhor presente de formatura. Sem desdenhar Os Contos Ingleses, que ganhei do Aliatti, As Bocas do Tempo, do Galeano, que ganhei da Janine e do Guilherme, a luminária em forma de estrela, da Mi, a bolsa da Hello Kitty, da Lu e do Elinho, ou o Very Irresistible, do Teus... Mas ser presenteada com o ingresso do show do Placebo bateu todos os recordes. Tanto que, depois de me avisar, o Rafa precisou de alguns instantes de convencimento. "Tu vais me dar o ingresso do show do Placebo?". "Ahan, é teu presente de formatura". "É sério?". "É, Dany". "De verdade?". "Sim, Dany, tô te dizendo, é verdade".
Contando os segundos, já imagino que hoje vai ser uma daquelas noites de coração explondindo de felicidade, de incredulidade, de emoção arrepiando a pele. Vou cantar, ouvir, gritar, calar, me emocionar, viajar, sentir, vibrar. E ter a certeza de que são sensações e momentos como esses que me fazem valer a existência.

"I'm on sinking sand
No escaping gravity
No escaping, not for free
I fall down, hit the ground
Make a heavy sound
Every time you seem to come around"
(Special K - Placebo)

domingo, abril 17, 2005

Despedida

Sexta-feira foi meu último dia na Casa de Cultura Mario Quintana. Como uma tradicional pisciana, já vinha sofrendo as dores das despedidas há algum tempo. Essa última semana, especialmente, estive totalmente distante, desconcentrada, me munindo de artifícios para não lembrar que dia 15 era meu último dia e (coincidentemente?) meu aniversário de um ano na CCMQ.
Como sempre, o que levo de melhor são as amizades. E a certeza de que minhas tardes estarão bem mais vazias daqui para frente sem essas duas pessoinhas que coloriram minha vida neste último ano. A Lu e a Fabi foram mais que amigas: foram companheiras, conselheiras, psicólogas, professoras, médicas, irmãzinhas, e definitivamente, as responsáveis pelas tardes mais calóricas e fofoqueiras da minha vida!
E já sinto uma saudades imensa de todo aquele povo: as risadas do Napp, os esoterismos da Diana, os originalismos da Nóia, as conversas com o Nando, o carinho da Tabita e do Juliano... Poxa, como eles vão fazer falta...

E, pelamordedeus, que venha logo meu emprego! Porque de estagiária a desempregada, nem carangueijo agüenta!

sexta-feira, abril 15, 2005

Eu sei o que vocês fizeram ontem à noite

Entraram no meu blog né? Bingo! Agora tenho um contadorzinho de pessoas que entram no Sweetness. Estou achando o máximo isso. Em um só dia, 24 pessoas vieram me visitar. E eu que pensava que figurava entre os blogs mais menos vistos (eu ia escrever impopulares, mas mais menos vistos é ótemo!).
Ok, então entrem aqui e façam-me sentir amada e feliz.

Isso só podia ser mesmo idéia da minha super chefe Lu Thomé.

segunda-feira, abril 04, 2005

Verídico

– Oi, vocês Cuba Libre?
– Temos, sim. Mas, na verdade, eu não te indicaria esse filme. Porque, apesar da ótima atuação do Harvey Keitel, que é um brilhante ator, Cuba Libre se configura mais como um caça-níqueis. A presença de Gael García Bernal é pura enganação. Ele aparece em 30% do filme, tem muitas poucas falas, com atuação fraca e sem muita importância. As pessoas costumam procurar esse filme esperando ver o Gael atuar e acabam se decepcionando. O enredo também não é lá essas coisas. Eu te indicaria dois lançamentos que acabaram de chegar: A Má Educação, do cineasta espanhol Pedro Almodóvar e Os Sonhadores, do diretor italiano Bernardo Bertolucci. Ambos são excelentes.

Pára. Respira. Me olha.

– Ahan, nós já vimos esses. Mas tu podes me dizer se Cuba Libre está aí?